Jingle Bells!
Uma ceia farta, uma mesa repleta de comida e sobremesa, pessoas sendo falsas e se abraçando em volta dela, desejando um feliz natal...
Tempo de celebrar conquistas, receber presentes, presentear, compartilhar... compartilhar com quem?
Que tempo é esse que se comemora o nascimento de Jesus com ódio, rancor, mágoa e desprezo no coração?
Família? Quem são estas pessoas, já não as conheço mais... Lembro dos natais da infância, uma vez meu pai se vestiu de "Papai Noel" e me deu uma boneca... Naquele dia eu fui feliz, nem me lembro ao certo quantos anos eu tinha, deviam ser quatro ou cinco no máximo, tenho poucas lembranças dos natais, nunca gostei, deixei de acreditar no Noel e nas pessoas muito cedo.
Hoje descrente do mundo, sigo imaginando meus natais , não recordo deles com alegria, tampouco com tristeza, só recordo... Também não visualizo os natais futuros, não os espero nem desejo, já não quero mais presentes nem passados, desisti de comemorar, ou de "bebemorar" o natal.
A data deveria ser de caridade, solidariedade, paz, prosperidade, esses deveriam ser os desejos no coração dos homens, mas a miséria se instalou nesses corações, nas ruas, embaixo dos viadutos, nos semáforos, nas estações de transporte coletivo...
Tudo que vejo a minha volta são as árvores, os pisca-pisca, a decoração nas vitrines e olhinhos cheios de vontade de que o Papai Noel venha e lhes traga um presente.
A justiça não existe, a desigualdade impera na sociedade, e essas são as crianças dos meus natais futuros.
Crianças que não têm uma casa, uma roupa limpa, um calçado, pai ou mãe, família, escola, educação, saúde, paz, prosperidade, nem compreensão elas têm, não têm ao menos carinho... Que futuro meus natais terão, se o futuro está jogado no chão, sendo olhado com desdém e desprezo e se agasalhando das ofertas e promoções?
Onde está o Papai Noel delas? A resposta é muito simples...
O Papai Noel dessas crianças é cada um dos homens e mulheres que as olham de cima.
Quando a humanidade entender que a justiça social começa por cada um de nós, o mundo voltará a brilhar com as luzes do natal.