O NATAL
O NATAL
È Natal e, nesse dia, todos querem mostrar a sua bondade, fazendo em, um dia, o que não fizeram durante o ano inteiro, tentando aliviar, desse jeito, a culpa pela omissão de atos que ajudariam a amenizar muitas coisas. O Espírito Natalino faz com que as pessoas doem a sua consciência, evitando o peso causado por fechar os olhos para as mazelas alheias.
No Natal todos passam a olhar o próximo como irmão e são capazes até de oferecer sorrisos ao vizinho, que mora tão perto, mas, a pressa e o egoísmo fazem criar distâncias. Todos querem ser um Papai Noel e presenteiam a miséria com o que lhe sobram, todavia, as chaminés dos desvalidos não querem só ser lembradas, num dia, como o próprio Cristo que, nessa data, passa despercebido, com tantas luzes e enfeites, propagandas e ofertas que o encobrem e escondem o verdadeiro sentido do Natal. As promessas e votos são renovados e tudo se torna belo; gestos educados mostram o respeito pela data e exemplos, de altruísmo, são dados a todo instante. Todos querem encher o prato da fome, que transborda de solidariedade, mas esquecem que a barriga não grita, apenas, no Natal.
Difícil é encontrar alguém que não sinta os sintomas desta data; casais não brigam por coisas banais, inimigos se dão tréguas, o mal abraça o bem e, de repente, até o diabo quer ser solidário. Incrível, sinto que, nesse dia, sonhos são quase possíveis. As crianças, enteadas da pátria mãe, colocam seus sonhos, em velhos sapatos, para que um “velhinho”, quem sabe , lembre de passar, por ali, e despeje um pouco de alegria.
Que pena que o Natal dure, apenas, um dia e que o Espírito Natalino vá embora com ele, mas se adiantasse alguma coisa e se o mundo fosse ficar melhor, eu instituiria, essa data, durante todos os dias , só assim o homem aprenderia a ser humano, mas, não sendo possível, sou capaz de gritar todos os dias Feliz Natal, até mostrar que bondade não tem data.
Mário Paternostro