Feliz Ciber-Natal
E o Natal já chegou! Ao menos no mundo virtual — ou seria o mundo virtual que se adiantou a chegada do Natal? Para quem é assíduo usuário das famosas redes sociais (orkut, facebook, twitter e outras mais, nas quais ainda não existo) bastam alguns cliques e pronto: fez-se o espírito Natalino!
Funciona mais ou menos assim: você visita o perfil de alguém, deixa um presente sob a sua árvore virtual, envia um cartão por e-mail ou simula uma troca de abraços entre os seus avatares e ho-ho-ho, Feliz Natal! Se você não faz a menor idéia do que diabos eu estou falando, ufa! Celebremos as boas novas: nem todas as pessoas se resumem a píxeis e bites, nem tudo está perdido!
A internet e a praticidade que ela proporciona deveriam servir para facilitar a vida moderna, e não substituí-la! Papai Noel que me desculpe, mas pelo andar da carruagem, ou ele passa a ler e-mails e arruma uma vaga como funcionário dos correios que entrega os presentes comprados on-line, ou terá dificuldade em alimentar as henas no próximo ano! — será que a magia do Natal resiste à era digital?
Por falar em magia, como ficariam as superstições incorporadas ao ciber-mundo? Ao invés de pendurar uma guirlanda na porta de entrada e uma meia na lareira, pode-se postar a imagem de uma delas como foto do perfil. E na virada do ano, muda-se novamente a foto para uma na qual vistamos roupas brancas. E se você costuma comer uvas e pular ondas — espero que não simultaneamente — basta twittar três, cinco ou doze vezes a palavra uva, o número varia, mas desde que caiba em 140 caracteres, tudo bem.
E quanto às ondas? Você pode até ir à praia do Cassino curtir o show dos fogos, mas chega de sujar seu vestido branco novinho: basta digitar sete vezes o acento gráfico “til” e passar a onda adiante, para que seus amigos possam fazer o mesmo. Tudo o que você precisa é de um celular com tecnologia Bluetooth e amigos presentes num raio de cem metros, que também o tenham — coisa que, cá pra nós, é mais fácil de encontrar do que ondas no Cassino.
Eu, que não sou grande fã nem de uvas, nem de mar, aprecio muito a idéia — especialmente se puder expandi-la para as lentilhas! Se isto é válido enquanto ritual, não estou bem certa... Assim como não estou certa quanto à origem do Natal e da troca de presentes — é algo como o festival saturnino romano do solstício de inverno, cuja data foi aproveitada para a celebração cristã, que por sua vez tem sido muito bem aproveitada pelo mundo capitalista!
De qualquer forma, é tempo de abraços, presentes e programação especial na televisão — quem reclama disso? Eu não! E quanto aos rituais, na dúvida não custa tentar. Quando chegar a hora, vou comer as uvas, fugir das lentilhas e twittar 140 caracteres de bons votos a todos os amigos, reais e virtuais — incluindo as ondinhas!
Deixo então a vocês, caros leitores, meus votos de um Feliz Natal!
E antes que eu me esqueça, guardem isso para o ano novo:
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