NATAL NA CAATINGA
Com o mapa nas mãos, Noel sobrevoa a Caatinga
Buscando o local indicado e devidamente marcado com um X, feito com carvão.
O mapa feito num pedaço de papel de embrulho, tem um dos cantos “mastigado”
E apresenta marcas de dedos sujos, mostra claramente onde devem ser depositados os presentes – a árvore de Natal!
Noel, pegou novamente a carta. Olhou-a demoradamente enquanto coçava a longa barba branca. Tentava entender o motivo daquele pedido inusitado. Acostumado a viajavar o mundo em seu trenó, sempre levando brinquedos – bolas, bonecas, carrinhos – desta vez, a carta trazia um pedido diferente. Tudo poderia ser apenas uma brincadeira de algum desocupado, mas, sendo ele o Papai Noel, não podia deixar de atender o pedido, e sobrevoava aquela terra árida levando os presentes e de vez em quando, um pouco apreensivo coçava a barba e tentava acalmar as renas... “Vamos, meninas, já esta estamos chegando” e chamava carinhosamente cada uma delas pelo nome:
“Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Comet, Cupid, Donder e Blitzen , em frente!”
Com um "solavanco" no trenó, ajeitava a carga tendo o cuidado de olhar se tudo continuava no lugar. Não podia perder nada, principalmente ali, no meio daquela “secura” desertificada. Se perdesse algum dos presentes, não teria como arrumar outro
Pois 95% da totalidade da carga, fora “comprada” e não confeccionada pelos duendes na sua fabrica no Pólo Norte. Uma lufada de ar quente e seco traz até o seu nariz, o cheiro da carga de presentes – carne de sol, farinha, manteiga de garrafa, rapadura e outros itens que foram devidamente descritos nos seus detalhes – iogurte, bolacha recheada, arroz, feijão, doce de leite, café, goiabada e muitos outros e além disso, trazia também uma nota à parte pedindo: Sal grosso, farelo, alfafa e ração para cachorro e um lembrete. ps: NÃO ESQUECE, É IMPORTANTE!
De repente uma árvore se destaca no meio da planície seca. Noel observa o relevo e identifica como sendo o ponto de entrega. Faz um gesto com os arreios e diz: Desçam!
E as renas conduzem o trenó com suavidade aterrizando na Caatinga entre cactos espinhentos e galhos secos. Noel desce e caminha até a árvore e lê o bilhete preso no tronco seco. “Papai Noel, eu quero qui o sr. trais pra nóis um poco de comida porque aqui, a fome mata um tudu dia. Não queru qui meus irmãozinho morre de fome então to pedindo a cumida e um carrinho que é pra eu dá pro Cirço, porque ele só tem um ano e pode brinca di carrinho. Nóis já num pode. Trabalhamô na carvoaria...Papai Noel, num esquece da cumida do Branco o meu cachorro e nem da cumida das cabritas purque elas tem qui dá leite. A fita vermêia, é pra minha mãe por nos cabelo e quem sabe ela fica feliz de novo e para de chorá? Um abraço e a sua “bença” Papai Noel. Assinado: raimundo da silva".
Noel, enxuga as lágrimas e autoriza aos duendes ajudantes que descarreguem o trenó...
www.luciahlopezprosaeverso.net
Com o mapa nas mãos, Noel sobrevoa a Caatinga
Buscando o local indicado e devidamente marcado com um X, feito com carvão.
O mapa feito num pedaço de papel de embrulho, tem um dos cantos “mastigado”
E apresenta marcas de dedos sujos, mostra claramente onde devem ser depositados os presentes – a árvore de Natal!
Noel, pegou novamente a carta. Olhou-a demoradamente enquanto coçava a longa barba branca. Tentava entender o motivo daquele pedido inusitado. Acostumado a viajavar o mundo em seu trenó, sempre levando brinquedos – bolas, bonecas, carrinhos – desta vez, a carta trazia um pedido diferente. Tudo poderia ser apenas uma brincadeira de algum desocupado, mas, sendo ele o Papai Noel, não podia deixar de atender o pedido, e sobrevoava aquela terra árida levando os presentes e de vez em quando, um pouco apreensivo coçava a barba e tentava acalmar as renas... “Vamos, meninas, já esta estamos chegando” e chamava carinhosamente cada uma delas pelo nome:
“Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Comet, Cupid, Donder e Blitzen , em frente!”
Com um "solavanco" no trenó, ajeitava a carga tendo o cuidado de olhar se tudo continuava no lugar. Não podia perder nada, principalmente ali, no meio daquela “secura” desertificada. Se perdesse algum dos presentes, não teria como arrumar outro
Pois 95% da totalidade da carga, fora “comprada” e não confeccionada pelos duendes na sua fabrica no Pólo Norte. Uma lufada de ar quente e seco traz até o seu nariz, o cheiro da carga de presentes – carne de sol, farinha, manteiga de garrafa, rapadura e outros itens que foram devidamente descritos nos seus detalhes – iogurte, bolacha recheada, arroz, feijão, doce de leite, café, goiabada e muitos outros e além disso, trazia também uma nota à parte pedindo: Sal grosso, farelo, alfafa e ração para cachorro e um lembrete. ps: NÃO ESQUECE, É IMPORTANTE!
De repente uma árvore se destaca no meio da planície seca. Noel observa o relevo e identifica como sendo o ponto de entrega. Faz um gesto com os arreios e diz: Desçam!
E as renas conduzem o trenó com suavidade aterrizando na Caatinga entre cactos espinhentos e galhos secos. Noel desce e caminha até a árvore e lê o bilhete preso no tronco seco. “Papai Noel, eu quero qui o sr. trais pra nóis um poco de comida porque aqui, a fome mata um tudu dia. Não queru qui meus irmãozinho morre de fome então to pedindo a cumida e um carrinho que é pra eu dá pro Cirço, porque ele só tem um ano e pode brinca di carrinho. Nóis já num pode. Trabalhamô na carvoaria...Papai Noel, num esquece da cumida do Branco o meu cachorro e nem da cumida das cabritas purque elas tem qui dá leite. A fita vermêia, é pra minha mãe por nos cabelo e quem sabe ela fica feliz de novo e para de chorá? Um abraço e a sua “bença” Papai Noel. Assinado: raimundo da silva".
Noel, enxuga as lágrimas e autoriza aos duendes ajudantes que descarreguem o trenó...
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