Natal: Ritual X Aventura
Que data mais maravilhosa! Momento de reflexão sobre o real sentido do Natal. Famílias unidas. Crianças ganhando o tão sonhado presente como recompensa por terem sido uns anjinhos! Pelo menos naquela semana, com certeza.
Comidas e bebidas sendo preparadas quase dois meses antes. A decoração toma conta da casa. Tudo com motivos natalinos: tolhas, tapetes, enfeites...contagiando com muita alegria todas as visitas.
Roupas são escolhidas para a data, a mãe pensa em todos os detalhes, vestido, fita de cabelo para combinar com os sapatinhos, cabeleireiro agendado com antecedência.
As listas de presentes começam a ganhar linhas e mais linhas. Até para o cachorrinho da irmã não pode faltar.
Chega o grande dia. Os anfitriões preparam a casa, arrumam os lugares para todos os convidados, ninguém ficará em pé, tudo muito organizado. Copos, taças, talheres, tudo a postos. E o guardanapo não poderia faltar, é de papai Noel.
E a chegada triunfal do papai Noel, entrando com os presentes. Essa alegria não poderia deixar de acontecer para as crianças. A magia. As crianças amam. Inclusive os adultos.
Ano a ano esse ritual. E mesmo sendo ritual, todos anseiam para o próximo novamente. Como se fosse uma surpresa para todos.
Mas de repente, uma das crianças, torna-se uma adolescente. E como adolescente é adolescente, resolveu se rebelar. Oh, que novidade!
Pois bem. Pra ela a magia do papai Noel não existia mais. O ritual não era mais interessante. O que resolveu então? Viajar para a praia com a família de sua melhor amiga. Aproveitou para realizar a viagem de formatura.
Contrariando a mãe, que já estava tão triste, por passar seu primeiro natal sem a filha, teve que aceitar. Não tinha o que fazer. E todos sabem que essa situação é extremamente delicada. Todos que tem filhos passarão por isso. Só não estou esperando do meu. Salva eu Jesus!
Os preparativos da adolescente resumiram-se em arrumar as malas. Protetores, uma canga para cada biquíni e um biquíni para cada dia, entre muitas coisas.
Na cabeça da adolescente, ia ser o natal mais divertido que ela já teve. Pois muitos contam que passar na praia, é uma alegria contagiante. Gente diferente.
A viagem foi tudo bem, chegaram na casa, tentaram arrumar um quarto para elas, mas foi em vão, porque foi a família toda. Tios, avós, primos, amigos. Enfim... natal na praia também tem que ser com a família toda. Mas como estavam passeando, tudo virou alegria. Sobraram alguns espaços na sala de tv. Elas se ajeitaram por ali mesmo.
Passearam bastante, tomaram bastante sol, e eis que chegou a véspera de natal. Ela habituada ao ritual da sua família. Acordou logo cedo, foi passar sua roupa para a noite, limpou os sapatos, já tinha organizado tudo com a amiga como seria o dia. E deixou tempo de sobra para ajudá-la com a chapinha. O dia passou, ela se enfeitando, apareceu toda arrumadinha pela casa, as mulheres todas ajudando na cozinha, os homens, bebendo, de sunga, assando uma carninha.
Alguns dormindo, outros acordando, uns indo para a praia e ela só observando tudo aquilo. Esperando servir a ceia. A maior observação, era que ninguém ia se aprontar. Pelo contrario, curtiam o vestuário de praia, comprado especialmente para o dia de natal.
Quase na hora da ceia, começaram a fritar as deliciosas rabanadas, mas não conseguia ver uma só, no recipiente, sempre tinha uma mãozinha atacando. O churrasco rolando solto. Bebidas? Desde a hora que acordaram estavam se servido. Era só abrir a geladeira. E toda vez que abriam a geladeira, viam o pudim dando mole. Como já estavam alimentados, com o churrasquinho, com a rabanada fervendo, já era hora da sobremesa. E por que não? Coitado dos que não buscavam a bebida na geladeira. Nem precisa dizer que ficaram sem. E a amiga, com certeza está nessa lista.
Olhava para o relógio e no seu ritual de anos, estava chegando à hora do papai Noel chegar. Mas que papai Noel? A essas alturas, papai Noel nem sabia que estava rolando um natal.
Mesmo assim, ela quis trocar os presentes pelo menos com a amiga. Trocar? Opa. Trocar não. Dar. Ela teve que dar o presente, pois a amiga não tinha comprado nada.
Mas tudo bem...ela estava na praia, com a melhor amiga, realizando um sonho.
Sonho que se tornou pesadelo. Não via a hora de acordar e estar com a sua família, curtindo o ritual de sempre. Mas teve que esperar por um ano. Podem ter certeza, que foi a única experiência fora de casa. E você? Quer seguir o mesmo ritual ou se aventurar?