BRINQUEDO DE NATAL

Moço, me da um brinquedo de Natal...

Era o dia 24 de dezembro e toda a cidade estava enfeitada de pinheiros e lâmpadas multicores.

A população ia e vinha nas ruas do comércio, trazendo nos braços vários pacotes, enrolados em papeis com mensagens de natal e desejos de boas festas.

Ninguém dava atenção àquela minúscula criatura, maltrapilha e asmática, que se encontrava na esquina e a cada transeunte dirigia aquelas palavras fracas, sopradas por pulmões que não eram perfeitos.

Moço, me da um brinquedo de Natal...

Ele que era acostumado a pedir esmola para seu pobre pai que era cego, embora nunca tivesse podido ter em seu lar as comemorações de natal, também sentia que aquele era um dia diferente, sentia no seu íntimo a necessidade de compartilhar da alegria que reinava na comemoração do nascimento de Cristo.

E, assim sendo, ao invés de pronunciar aquelas palavras cotidianas, ele pedia:

Moço, me da um brinquedo de Natal...

A tarde ia declinando e as luzes foram acesas. Era um espetáculo deslumbrante a fusão das cores contrastando com o verde oliva dos pinheiros.

Nas portas das lojas os papais Noel balançavam os sinos convidando os passantes para entrar.

De um lado ouvia-se alguém que dizia alegremente: Feliz Natal. Ao tempo em que outro não menos alegre respondia: Boas Festas.

E o nosso humilde maltrapilho continuava na esquina a pedir:

Moço, me da um brinquedo de Natal...

Foi então que um menino, filho - a julgar pela sua aparência - de pais abastados, deixou-se ficar em frente àquele infeliz. E meditava sobre aquelas palavras pronunciadas com tanta humildade.

O nosso pedinte cravara os seus pequeninos olhos pálidos, no carro de corrida que o feliz garoto trazia nas mãos.

Neste instante, ouviu-se uma voz que chamava: Vamos Carlos.

E Carlos, como se tivesse despertado naquele momento, sorriu para aquele pobre garoto, aproximou-se, estendeu-lhe o carro de corrida, e disse: Espero que te contentes com este, meu pai comprará outro para mim; Feliz Natal.

E afastou-se correndo em direção àquele que o chamara.

O pequeno pedinte, segurando o seu presente, não se continha de alegria, e sentiu então, duas lágrimas correrem pelas suas pálidas faces e caírem sobre o carro de corridas.

Ele não mais precisaria repetir aquela frase:

Moço, me da um brinquedo de Natal...