Papai Noel e meus pedidos
A época de natal é para mim um dos momentos felizes do ano. Há no ar um quê de encantamento. Talvez a expectativa do ano novo colabore para esse astral elevado. Para todos os lados que olho eu encontro mensagens de euforia e otimismo. Ali uma fachada de casa soberbamente enfeitada, mais à frente uma linda árvore de natal, o papai Noel na porta de uma loja, rodeado de crianças que lhe entregam cartinhas com pedido de presente. E ele garboso, com sua tradicional barba branca e seu jeito bonachão, promete atendê-las. Não é uma promessa falsa. É uma promessa de quem gostaria de atender, se fosse possível. E seu olhar traduz amor e paz. Uma paz que remete à minha infância.
Quando criança eu acreditava que o papai Noel trazia o meu brinquedo de Natal. Na madrugada ele chegava silenciosamente, entrava em casa pela chaminé, e colocava o presente em baixo da minha cama. Mas para isso era preciso que meus sapatos estivessem lá. Na véspera de Natal antes de me deitar meu pai advertia – Limpou os sapatos,? colocou-os embaixo da cama? Se não, não tem presentes. E eu ia conferi-los, embora já os soubesse lá desde à tarde.
Guardei na memória, com mais detalhes, o último dos natais em que acreditei na história do papai Noel. Talvez por que naquela noite eu resolvi não me deitar.
Por precaução coloquei os sapatos no devido lugar. A data assim pedia. Porem, apesar do sono não fui para a cama. Fiquei sentado na cozinha decidido a não dormir. Queria surpreender o papai Noel. Ah! Eu ia vê-lo sair da chaminé do meu velho fogão à lenha, com as barbas e os cabelos chamuscados e enegrecidos pela fuligem. Queria ver a sua cara de espanto. Os seus olhos se arregalarem quando dessem de encontro com meus olhos curiosos. Dormi sentado, debruçado na mesa, até que minha mãe me levou para a cama.
De manhã, quando acordei meu presente estava lá. Ele veio. Mas mesmo assim, eu fiquei decepcionado por não atingir o meu objetivo. Vendo minha decepção meus pais me contaram a verdade. Tudo não passava de uma lenda.
Na véspera do Natal seguinte, minha mãe perguntou-me se eu ia colocar os sapatos embaixo da cama. Eu comecei a rir. Mas ela continuou em tom grave – Meu filho não é por que o papai Noel não existe que seus sonhos acabaram, peça por eles, pelo futuro, pela paz.
Até hoje, na véspera de Natal, eu coloco um par de sapatos embaixo da minha cama, e faço os meus pedidos.