O VISITANTE DE DEZEMBRO

Nas ruas apinhadas, gente indo e vindo, todo mundo comprando às pressas, ninguém dispõe de tempo para apreciar o nascer do dia, o raio de sol que parece brincar nas vidraças da janela, nas poças d’água das calçadas. Neste clima materialista, como seria recebido o aniversariante máximo de dezembro?

Se Jesus por milagre aparecesse no meio da rua, os carros freiariam a tempo? E as pessoas acreditariam, mesmo, que era “Ele”? Nos balcões apinhados das lojas, os olhares de cobiça se desviariam para o ilustre visitante?

O que Ele acharia do vai-e-vem enlouquecido de compras, das vitrines cheias de papai Noel, das árvores de Natal cobertas de falsa neve, do trânsito engarrafado das ruas, de tantas pessoas que esqueceram o significado de “Amai-vos uns aos outros” ?

Talvez seja preferível que não venha nos visitar. Pelo menos, livra-se de sofrer decepção. Nesta insana época pré-natalina, de consumismo desenfreado, talvez nem Jesus compreendesse o que toda essa gente diz comemorar em 25 de dezembro.

A Sua humildade magnânima, a crença na humanidade que O fizeram pronunciar: "Pai, perdoai-os porque eles não sabem o que fazem!” Teria ainda essa crença, falaria a mesma coisa a esta humanidade de robôs?

Meu Deus, é melhor Jesus nem tomar conhecimento (como se isso fosse possível) do que nós chamamos hoje de Natal. Ele, que é tão bondoso, não merece tamanho desencanto.

Ainda é tempo dos homens aprenderem a olhar o seu semelhante, não apenas durante o mês natalino. Quem sabe, assim todos pudessem ser bem mais felizes.

MCC Pazzola