E DE REPENTE É NATAL

Então, quando nos damos conta, a cor vermelha e verde está acontecendo em todos os lugares e percebemos que mais uma ano está findando brevemente, pois a época do Natal já se anuncia.

É aí que podemos notar com mais clareza a rapidez com que o tempo galopa e nos assustamos com isso...

Tudo se reveste daquele típico colorido e nos arrebata para um clima mágico que nos contagia de uma maneira ou de outra, por mais que possamos pensar ser imune a ele.

No meio de tantos problemas que podem nos acompanhar, esquecemos um pouco certas preocupações e mergulhamos neste clima de festa e confraternização com que tudo se reveste.

É hora de retirar a velha caixa de enfeites da prateleira mais alta do armário e começar por decorar a casa... Definir a ceia e pensar (cada vez mais criteriosamente) nas pessoas que queremos homenagear com nossos presentes e depois enfrentar o burburinho do comércio, que se oferece ansioso nesta época em busca do maior número de clientes que puder captar, para cumprir a lista que completamos sempre na última hora!

Brincadeiras do “amigo oculto” surgem de toda parte: no trabalho, no grupo de estudos, no clube, na academia e até mesmo na família. A maneira mais criativa de economizar tempo e dinheiro é aderir a este jogo e reduzir assim os compromissos que a midia criou para se agregar a esta data.

O importante não é o presente em si, mas o carinho da lembrança que ele traz envolto em papéis coloridos e típicos do momento.

E de repente, é Natal outra vez!

Tempo de sentir saudades também... De lembrar das pessoas que não estão mais participando conosco, da família que diminuiu, dos que partiram pra sempre ou dos que se mudaram pra longe... Fazer ligações, enviar cartões, telegramas, encomendas e lembrar até de quem nos esquecemos o ano inteirinho... Mas, é Natal e tudo é perdoado!

Para mim, tudo fica melhor quando tem criança participando e me causa tristeza notar o quanto elas estão se tornando raras. Hoje muito rapidamente elas se parecem com adultos e perderam o brilho no olhar que a magia natalina despertava.

A lenda de Papai Noel já não é tão bem recebida por elas e o real significado da comemoração em poucas famílias é lembrado.

Custos do progresso e da modernidade que torna obsoletos nossos puros e inocentes sonhos e empurra sempre para segundo plano o sentido espiritual da vida.

Lembro-me com nostalgia dos Natais da minha infância...

Os Domingos do advento, as janelinhas da folhinha decorada abertas dia a dia e finalmente na grande véspera, depois das orações em família, a excitação que sentíamos ao ir dormir, sabendo que pela manhã nossos sapatinhos cuidadosamente limpos e deixados sob a árvore iluminada e armada na sala, nos surpreenderiam cobertos dos presentes pedidos numa cartinha e que o "bom velhinho" nunca se esquecia de nos deixar.

Depois, tudo se repetiria com minha filha, até que a aguçada observação dos seus 6 aninhos a fizesse reconhecer as mãos do tio César, o Papai Noel da casa, que se esquecera naquele ano de colocar as luvas que faziam parte da fantasia que sempre ostentava nesta data, alegrando a todos com sua perfeita representação teatral.

Hoje rimos juntas ao lembrar a repreensão dirigida a ele com olhos lacrimejantes por ter se esquecido do detalhe das luvas brancas, dando a ela a condição, que não desejava ter ainda, de fazer aquela descoberta.

Era muito bom!

Além dos filhos e sobrinhos, crianças de toda vizinhança vinham recepcioná-lo no portão, carregando pesado saco de presentes que levava nas costas, e onde as mães sempre colocavam antecipadamente os mimos que deveria distribuir entre elas. Seus conselhos e recomendações eram ouvidos com grande atenção por todos eles e os olhinhos eram lindos de se ver, tanto brilho de alegria emanavam!

Depois, as canções recitadas pelo coro daquelas vozes estridentes e alegres, o agradecimento, a oração e a ceia farta e saborosa!

Coisas que hoje só algumas fotos podem nos lembrar, mas que existem ainda na nossa memória e voltam para nos dizer das coisas boas que já vivemos, quando de repente é Natal outra vez!

Cristale
Enviado por Cristale em 02/12/2008
Reeditado em 13/12/2012
Código do texto: T1315183
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