Mãe, adonde qui a sióra ta?
Mãe, adonde qui a sióra ta?
Airam Ribeiro 09/05/2008
Mãe, adonde qui a sióra ta?
Ancê saiu ancim de finin
E nun disse quando ia vortá!...
Percurei os amigo, os vizin
Elis min disse qui no cemitéro
Na sala do nicrotéro
O seu corpu tava sozin.
Cadê ancê mãe, cadê!
Percizo tanto te falá
E pidí uns cunsêi prancê
Eu percizo te incrontá
Só a sióra sabe min da cunsêi
Mais in todo canto já percurei,
Adondé qui a sióra tá?
Min sinto agora no momento
Um pôco ancim sem isperança
Vem min cunseiá num güento
Vivê néça insegurança
Vem de novo min da o seu colo
Pois só ancim eu min consolo
Cuma nos meus tempo di criança!
Todas as noite faço as préci,
Aquelas qui a sióra min incinô!...
A sióra é quem mais mereci
Todas as reza, todo o meu amô...
Alembro mutio da óra e lugá
A sióra pidino pra min num robá
E respeitiá todos donde eu fô.
Cadê ancê mãe quirida!...
Eu quiria tanto li preguntá
U’as coiza qui a vida
Num cunciguiu min ispricá
Pois andano pela cidade
Só vejo criminalidade...
O qui num quiria incrontá!
Ta proximano o teu dia
Todos tão cumprano presente
Derna qui ci foi minhas aligria
Fugiu de min, ficô ausente...
Vem pra min da seus carin
Já num guento vivê ancim
Sem a sióra na linha de frente.
Agora no dia vinte e seis
Vai cumpretá dois ano
Qui ti vi pela úrtima vêiz...
Ando num dizigano
Andano pela vida sozin
Percizo dos seus carin
Pra cumpretá os meu plano.
Xóro nas madrugada
Baxin pra ninguém iscuitá
Num tendo ancê mais nada
Pode na vida compretá
Lembro sempre da sióra
Todos os dia, todas as óra
Nos mêis de maio, no natá!...
Nos meu sôin vejo a sióra
Cum aquele terço na mão
Eu digo qui naquela óra
Xega pulá meu coração...
Num quiria mais acordá
Só pra cum a sióra sonhá
Pra respondê minha benção.
Adonde que a sióra tivé
U’a coisa quero ti falá
Nunca qui eu perdi a fé
De um dia ti incrontá.
Mãe vô ti da uma bisneta
Ta vino aí minha neta
Qui logo vai reencarná.
Dedico com muita saudade estes versos a minha mãe Valdenice Santana Ribeiro que faleceu no dia 26 de maio de 2006.