TROVADOR NORDESTINO

TROVADOR NORDESTINO

Tenho sangue Nordestino

e a força de um menino,

minha sina é cantar.

Do sertão fiz meu destino,

da Asa branca, o meu hino

e um baião me faz dançar.

Sou raça de Virgulino;

arte plena: Vitalino,

muito tenho pra mostrar,

para o mundo em desatino,

meu repente, repetindo,

quem mais vai querer cantar?

O oxente é minha língua

dessa gente muito linda

da nação do caroá.

Minha coroa não é louro

é o meu chapéu de couro

nesse chão que tudo dá.

O meu som vem da Rabeca

triângulo, zabumba, sanfona;

e com Sivuca a orquestrar

uma linda sinfonia,

a oração da Ave Maria

e o concerto é no arraiá.

Tive a benção do Divino,

através dum “Cappucchino”;

já não posso mais parar.

No mister vou e ensino,

sou trovador, sou peregrino;

minha viola vou tocar.

Aos senhores que vêm vindo,

vejam o povo sucumbindo

nessa saga de lascar.

E da capela bate o sino,

sua novena persistindo,

pois só a fé o salvará.

Dessa prosa tô partindo,

meu caminho vou seguindo,

muito tenho que vagar.

Pela paz sempre insistindo,

e a vida colorindo,

pois minha sina é cantar.

Vandofonseca