O Jaguar caça
O jaguar caça
Acorda-se o Jaguar,mal principia a noite,
No meio da macega, donde passara o dia,
Dormindo sossegado, repondo a energia,
Que gastara andando noite após noite.
A fome o açoitara e ele andara tanto,
Pois a caça de porte a muito se esgotara,
Afora algum tatu ou paca que pegara,
Para enganar a fome que o ameaça,
A presença do homem, rarefez a caça,
Para subsistir a fugir se obrigara.
Sentia-se cansado, ha dias que andava,
Indo instintivamente em direção ao norte,
Algo dentro de si dizia-lhe que a sorte,
Que se havia a muito ido, desta vez mudava.
Como sempre cortou silenciosa a mata,
Até um igarapé de águas pardacentas,
Onde caças regionais, ariscas e atentas,
Vem, obrigadas que são, se dessedentar,
Pisando mansamente, a farejando o ar,
As orelhas a girar, resfolegando as ventas
Em lugar estratégico a onça (Jaguar) senta,
Seu olhar penetrante a escuridão perscruta,
O menor estalar de folha seca escuta,
E aos odores do ar também está atenta.
De repente enrijece o corpo, a cauda vibra,
O cheiro conhecido lhe invadira o olfato,
De mais de um caititu, porco do mato.
Criatura feroz, gregária, e aguerrida,
Que anda em varas; sua própria vida,
Estaria em risco em tal degladiato.
Mas ela sabe como agir com tato,
Em milenar estratégia dos felinos,
Que muito ardilosamente, de ladinos,
Cosem-se ao chão, igual a todo gato.
Descuidosa e grunhindo a vara passa,
E fica a onça silente em seu abrigo,
O último caititu corre o perigo,
Pois que será a vítima da megera,
A morte, personificada em besta-fera,
Terá como repasto sua carcaça,
E restara como troféu de caça,
O odor de sangue na atmosfera.
A vara bebe, e ao igarapé vadeia,
Prosseguindo a viajem a outra margem,
A onça se aproxima, qual visagem,
E ao ultimo a ir água, ágil grampeia.
A vara dispara em fuga desvairada,
Um grunhido de dor na mata soa,
O rugido da fera ao longe entoa
Uma ameaça a todo ser vivente.
E a mata de silêncio tão envolvente.
Estremece ao som tétrico que ecoa.
A vida continua, e a pobre onça agora,
Parece que garantiu a sua sobrevida,
O paraíso terral aonde ainda a vida,
Equilibrar-se-á pelo tempo afora.
Sem nefastas atividades “econômicas”
Ali a caça é farta, e por certo existirão
Outros da sua espécie e juntos irão.
ter futura prole grande e garantida,
Suas presenças equilibrarão a vida.
E longe dos homens, subsistirão.
Mestre Egídio