A CULTURA
A CULTURA
A cultura mundo a fora,
Muito complicada é.
Cada povo tem seu jeito
De vê-la como quiser.
Eu vou falar pra vocês,
Um pouco dessa valência,
Que alguns chamam de cultura
E outros chamam de crença.
Um homem lá da cidade,
Quando quer fazer besteira,
Chama a moça pro motel,
O do mato diz: meu mel,
Encontro-te na aroeira.
Você que se acha triste
Por te chamarem de bicha.
Digo-te: não tem rixa
Pois, há quem diga,
Que ser "veado"
É ser um mago.
E você mulher da vida
Que teve a sorte curta,
Se alguém te chamar de puta,
Fale pra ele o exemplo
De que nos anos já passados
Chegou a ser um talento,
E o prêmio acumulado
Um dote de casamento.
Até com boas maneiras,
A cultura mexe um pouco.
Se por um acaso,
Neste Brasil de caboclo,
De mãe Preta e pai João,
Chegar um bom japonês,
Não chame ele de louco,
Se ele comer feijão
E depois der um arroto.
Eu queria falar mais
Da cultura mundo a fora,
Mas tô ficando sem gás.
Falarei um pouco agora,
Da cultura brasileira,
Imensa como ela só,
Parece até que Deus juntou,
O mundo todo num só.
O mineiro fala "uai",
O gaúcho fala "tchê",
Nordestino fala "ôchente",
E o que mais se via antigamente,
Era paulista mangar da gente.
O nortista sentadinho,
Tomando seu tacacá,
Mineiro quer um bocadinho
E um pouco de vatapá.
Potiguar é cabra macho,
Gosta de tapioca
Toma mel de Jandaíra
E cachaça Ypioca.
Assim se deu a mistura
Das culturas estrangeiras,
Virou, mexeu, ficou uma,
Nestas terras brasileiras.