Exorcismo
Tere Penhabe
Tem gente de todo jeito
Nesse mundão de meu Deus,
Tem gente igual aos seus filhos,
Gente igual aos filhos meus.
E tem filhos do capeta,
Que de salto carrapeta,
Danam com a paz de Deus.
No tempo da minha avó,
A maior infelicidade
Era a língua, com certeza
Para toda a humanidade.
Hoje o tempo tá mudado
Desde quando foi inventado,
Toda essa modernidade.
Agora é a tal Internet,
Que anda causando gastura,
Nela a língua é obsoleta,
Porque toda desventura,
Sai é da ponta dos dedos,
Onde se espalham segredos,
E também muita amargura.
E através da fibra óptica,
O povo aqui deita e rola.
Tem os que gostam de amigos,
Os que pr'isso não dão bola,
Querem só atazanar,
A alegria do lugar,
E a maldade se extrapola.
Que Deus tenha a sua alma,
Se for esse o seu fadário,
Que o falecido afirmava,
(Um citador perdulário):
- Ao demônio se convir,
Quando ele não pode vir,
Manda aqui o seu secretário.
Alguns dizem ser aquilo,
Outros garantem ser isso,
Mas todos são, na verdade,
Gente sem muito serviço.
Concordo com a colega,
Tem horas que o bicho pega,
Não quero mais brincar disso.
É fubeca, minha gente!
Esse brinquedo é gostoso,
Faz até qualquer mendigo,
Parecer um poderoso,
Mas é preciso atentar,
Pra não deitar e rolar,
Porque isso é perigoso.
Nesse rincão consegui,
Cada comenda e papel!...
Que Deus duvida e arrepia!
Pra mim, chega a ser cruel.
Pois não tendo nem um gato,
Sequer pra puxar o rabo,
Sou a Rainha do Cordel.
Porém não assumo essa culpa,
Que ela é do Cumpadi Sá,
Para me imputar comenda,
Vive soltando alvará,
E cada vez que isso eu vejo,
Chega a me dar tremelejo,
Quando não me dá tanguá.
Quem me conhece já sabe,
Sou pela simplicidade,
Porque títulos de areia,
Não trazem felicidade.
E nessa tal de internet,
O que mais eu vejo é brete,
Recuso a cumplicidade.
Para encurtar essa prosa,
Só me resta aqui pedir:
- Que ninguém (por Deus!) não vá,
A carapuça vestir,
Eu estou só exorcizando,
Demônios que andam rondando,
O meu outlook, ao abrir.
Santos, 28.03.2008
www.amoremversoeprosa.com