NITERÓI, 1920

DE QUANDO AS LETRAS SAÍRAM DO CAFÉ PARIS

E CHEGARAM NO CALÇADÃO DA CULTURA

I

Arraste o banco, seu moço,

e se faça um bom ouvinte

pro que eu vou contar agora.

Aconteceu o seguinte

na Taba de Araribóia,

durante o século vinte.

II

Num certo Café Paris,

nos idos tempos de então,

encontravam-se os poetas,

à frente Lili Leitão.

E tome de fazer verso,

sonetos em profusão.

III

Aquele grupo seleto,

alegre, unido, feliz,

sem registro no cartório

ou batismo na Matriz,

mesmo assim ganhou um nome:

Roda do Café Paris!

IV

Muito pouco se guardou

da vocação literária

dos integrantes da Roda.

E a produção era vária,

bem urdida, de primeira,

em nada desnecessária.

V

Os poetas do Café,

sem se preocupar com nada,

esqueciam seus escritos,

feitos numa só penada,

inteiramente à mercê

de uma vassoura iletrada.

VI

Além do Lili Leitão,

o mais famoso e loquaz,

a Roda era freqüentada

por muita gente capaz.

Ali havia harmonia,

alegria, amor e paz.

VII

Tinha o Nestor Tangerini,

o Kleber de Sá Carvalho,

mais o Renato Lacerda,

naquela turma do orvalho.

Gomes Filho, Olavo Bastos,

nenhum deles rebotalho.

Cordel de Wanderlino Teixeira Leite Netto

[Da Academia Niteroiense de Letras].

Bergamota
Enviado por Bergamota em 20/03/2008
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