A Onça pintada
A Onça pintada
Vinha à manhã, o sol além surgia,
Longe mugia o gado em desespero,
Segue em tal direção, João , o vaqueiro,
E seu macérrimo cão, lépido o seguia
No matinal crepúsculo, mal se via,
A estreita trilha envolta em arvoredos,
Continha João a custo os imos medos
Que do pivô do pânico já sentia.
Há muito tempo João o conhecia..
Eles tinham a sina entrelaçada
Desde o dia da infausta caçada
Que o deparando, João o malferia.
Era um enorme macho, e a luzidia
Fulva e malhada pele revelavam
Nos relevos dos músculos que ocultava
Toda força letal que possuía.
As feras fauces que ao rugir abria,
Mostravam enormes presas pontiagudas
E nas patas, aduncas garras agudas,
Retrateis, sob os pêlos escondia,
Foi a partir daquele infausto dia,
Que começou para João o pesadelo,
E sobejavam razões para temê-lo
Conforme a muito já sabia.
sempre, após o incidente João o via
Muito magro, arqueado e vacilante,
pois se tornara um hábil rapinante
das criações que a custo possuía.
Sistematicamente as destruía,
Pois animais e aves que encontrava,
Perversamente a muitos aniquilava,
Levando sempre um, e a este comia
pela vida do cão muito temia
pois era aquele o único que sobrara
seus outros quatros cães ele os matara,
o feroz animal que o perseguia.
fremiam-lhes as carnes, e em seu peito,
seu coração batia em descompasso,
mesmo temente ele estugava o passo,
ansiando acertar o seu malfeito.
crispava as mãos e suor escorria
sobre a velha espingarda que levara,
a mesma arma que a muito usara,
na caçada infeliz daquele dia.
passa-lhe à frente seu cão e dispara,
em desespero João grita ,..e o segue
esquecendo o temor que o persegue
e em pouco tempo com fera se depara.
o tenebroso grito que escutara
da morte do seu cão era o aviso,
mas prosseguido, como sem juízo
sobre seu cão já morto , a encontrara,
foi-se o temor que o prendia a vida,
mirando a fera ainda um pouco avança,
e a besta fera num passo de dança
rosna e avança , embora combalida.
puxa o gatilho João, e o estampido
da velha arma no arrebol ecoa
e entre fogo e fumaça o chumbo voa,
e no pescoço o monstro é atingido.
mesmo em ponto vital sendo atingido
reúne as forças, e salta velozmente,
sobre João e o fere mortalmente,
o abatendo ali sem um gemido.
quando levanta –se o sol e ilumina,
os vastos campos, a mata, o rio, o gado
que se move agitado, e ali ao lado..
três seres que cumpriram a triste sina.