Na foto, a casa de marimbondos da jaboticabeira lá na casa da minha irmã. Uma alusão ao perigo cantado no cordel, " te cuida cumpadi... "

Comentários que deixei na página do poeta PEDRINHO GOLTARA, para seu texto 
O Bôto e as Muié Paxonadas

 

Marido raivoso

 

Meu cumpadi tome tento,

Isso é coisa que se diga?

Ela é muié de sargento

Ocê comprô uma briga.

A Mira é muié dereita

Mais tem vício de sonhá

E num sendo ansim perfeita

Seu nome pôs-se a chamá.

 

Foi durante o pesadelo

Que a coitada atracô

O marido pelos cabelo

Aí foi quela acordô.

Cuns grito que ele dava

Acordou o quarteirão,

E ela num se sortava

Estendida no corxão.

 

Quano ela viu o pirigo

Num teve otra solução,

Declarô para o marido

Que o Bôto num faiz mal não.

Mais o cara é da puliça

E ficô discunfiado

Num é de inchê lingüiça

O facão tá afiado.

 

É mió cê levá gente

Presse incontro in Juzdifora

Ou o istrago na frente

Te faiz virá Isadora.

Te falo cuma irmã

Leve teu fio cuntigo,

Num vai bancano o galã

A batalha é cum marido.

 

Daqui vô ficá torceno

Procê num vortá capado,

O perigo já tô veno

Ocê tome mais cuidado.

Pois marido ciumento

é igual mula empacada,

Relincha que nem jumento

E seus coice é uma pedrada.

 
***

Num possu dexá de registrá a preocupação da cumadi Milla Pereira. Tá veno homi? Nóis tudo fica achano que ocê tá se metendo em casa de marimbondo.


Ô Bôto, cê tomi jeito
tenha com o hômi cuidado
da cidade eli é perfeito
di tanto qui eli é zangado
tem pexêra na cintura
a coisa cum eli é dura
ocê vai cabá capado!

Mira Ira mi contô
qui eli tevi um pesadêlo
numa noiti nun guentô
pegô ela prus cabêlo
i o nomi do Bôto chamava
pra vê si ela cunfessava
dos dois essi disapêlo.

Ocê fica bem quetim
num vai pra Juz di Fóra
num arrisca o zezim
ocê perdi eli na hora
O hômi nun é brincadêra
quem mexê cum sua Minêra
eli corta a coisa fóra!
 
Beijos, Milla.

***

A  musa-pivô tamém dexô seu parecê. Ocê num si incorage cum isso, cumpadi.


Se o meu Boto aparecê, 
aqui nas Minas Gerais,
eu vô tê qui mi iscondê,
pru maridu num í atráz. 
Ele anda amoladu, 
pur conta du ocorridu,
toda veiz qui sonho cu Boto,
eli acórda cu meus gritu. 

Eli quiz sabê purque 
qui eu acordei gritandu assim;
respondi qui mi assustei:
tinha um pexe garradu ni mim.
Ele intão me pirguntô
u tamanhu dessi pexi;
respondi qui eu num sei:
tava iscuru pra "cacheti"


Minha minina, ocê tome cuidado cum esses sonho cum Boto. Gostei da sua rima pra pêxi...rsrs.

***

O teimoso do cumpadi Pedrim Goltara, o Boto Trovadô, fica querendo cantá de galo, cumpadi tu é boto ou pêixe-galo?


Sendo um Bôto "Tucuxí"
Isso foi a minha salvação
Pois também sou mamífero
Não sou nenhum dêses "peixão"

Então,não sendo um peixe
MIRA muito me ajudou
Pois, o pobre do marido
De nenhum jeito me achou.

Tiros foram disparados
O facão "zunia" no ar
Até zarpão o cabra usou
Queria mesmo se vingar

MIRA IRA agora se cuida
Pra não sonhar tão gostoso
Pois,o Boto não pode sofrer
Só porque é amoroso!

Naquele rio em Juiz de Fora
A qualquer hora poderei estar
Será nesse rio que Mira Ira
O seu Boto,poderá acariciar.
 

Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 19/02/2008
Reeditado em 20/02/2008
Código do texto: T866503
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