CARTÃO CORPORATIVO PARTE II - PARCELA
Eu quero cartão,
Nem máster nem visa
Mas corporativo
Pra paga até pizza
Banho da cadela
Compra de camisa.
Com grande limite
Não pode ser chula
Aceito por todos
Maior que o do Lula
Também dos ministros
Como se especula.
Pra sacar dinheiro.
Não pagar fatura.
Ficar nos hotéis
Com muita fartura.
Comer camarão,
Lagosta e lula.
Fazer também saques
De grandes valores,
Para se comprar
Uns buquês de flores,
Comida pra gatos,
bando de roedores.
Com cartão que tenho
Se caio na esparrela
De sacar dinheiro
Pode aceder vela.
Não pago fatura
Nem os juros dela.
Vou usar cartão
No hipódromo;
A filha de Lula
No camelódromo;
Matilde talvez
Use no autódromo.
Eu quero cartão
Sem limite claro.
O estado sou eu,
E tenho amparo
Pois o nosso povo
Não é mesmo avaro.
Vai bancar meus gastos
E minhas mordomias.
Também dos ministros
E de suas famílias.
Com esse cartão
compro até mobílias.
Com a vida cara
Aqui de Brasília,
Ninguém se importa
Não nem há vigília
E ao povo dou
Salário-família.
Dou um cala boca.
A bolsa de fome
Espalho lorota
Ainda faço nome,
Ganho eleição
E não há quem tome.
Elejo a Estela,
Genuíno, Dirceu
Expulso o Daniel
Ainda levo o meu.
Pois o Delúbio
Já levou o seu.
Depois digo que
Não sabia de nada.
Até minha conta
Ser examinada
Pelo TCU
E ser aprovada.
Ai deixo o governo.
Aposentadoria
Vou curtir bem longe,
Com a maior calmaria.
Não tem choro, vela,
E nem ave-maria.
Não existe nada
Que me impeça disso
De agora em diante
Não há compromisso,
E a ninguém eu
vou pagar comisso.
Com aposentadoria
Por invalidez
E a de presidente
recebo bem por mês.
Como caviar; bebo
uísque escocês.
Onde estiver
Eu rio de vocês
Sem me preocupar
Se hoje sou ex
Presidente ou
Torneiro talvez.
HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
FEVEREIRO/2008