FOI ANTONIO CONSELHEIRO SONHADOR DA LIBERDADE

É filho do ceará

Este ser misterioso

Nasceu no século dezenove

Fui muito religioso

Passou por Ipu, cidade

E em Sobral foi caixeiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Esteve em campina grande

Trabalhou como escrivão

Estudou muitas letras

Recebeu educação

Viu potencialidade

Latim, português primeiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Ficou muito pesaroso

Com a morte de seu pai

Trabalhou no seu comércio

Depois que o velho vai

Não teve capacidade

Para lutar com dinheiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Fechou aquele comércio

Começou perambular

Levando sua mulher

A todo e qualquer lugar

Era quase um esmoleiro

Em qualquer localidade

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Deixou dívidas no comércio

Os cobradores atrás

Estava liso e sujo

Numa vida bem sagaz

Na sua atividade

Ele era estradeiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Viu outra decepção

Na vida acontecer

Sua mulher lhe traiu

Sentiu a dor lhe doer

Diante desta maldade

Já quis ser um justiceiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Tinha bastante cultura

Perdeu a esposa querida

Sofreu bastante agrura

E falhou em sua vida

Não teve oportunidade

Achava-se agoureiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Passou a andar sozinho

Por cidades e fazendas

Por onde ele chegava

A alguém pedia tenda

Na imagem de um frade

Virou mesmo forasteiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Por onde ia passando

Ensinava a rezar

O povo ia gostando

E passou a o venerar

Em qualquer ansiedade

Também era benzedeiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Muitos o acompanhavam

Consideravam-no santo

E ele naqueles trajes

De batina como manto

Gente de toda idade

O achava milagreiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Como tinha grande sonho

Já escolheu um local

Isto foi lá na Bahia

Construiu um arraial

Sem ter estabilidade

Era bastante matreiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Muitos fiéis do nordeste

A ele já se juntavam

Aumentou a população

E assim se animavam

Com muita sagacidade

Foi crescendo o poleiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Lá chamaram de canudos

Todos os seus seguidores

Ele era inteligente

Determinava feitores

Pois viram facilidade

Ali naquele ribeiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Assim pode crescer muito

O arraial de canudos

Faziam casas e igreja

Aquele povo trombudo

Mas tinha autoridade

Treinou povo fuzileiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Os jagunços foram ensinados

A plantar e a caçar

E também foram treinados

A lutar e a matar

Tudo com velocidade

Mesmo sendo povo ordeiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Canudos chegou ao ouvido

Do governo do Brasil

Que não gostou da idéia

E a achou muito imbecil

Com bastante atrocidade

Mandou lá um mensageiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Conselheiro nem ouviu

O seu sonho era alto

O governo então mandou

A força de sobressalto

Foi grande a mortandade

Canudos venceu primeiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Foram três expedições

Até chegar ao final

Com o coronel Moreira

Ali naquele local

Com grande animalidade

E foi grande o braseiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

De fato foi grande a luta

Com a tropa governista

Foram quinze mil cartuchos

Trazidos para esta pista

Lá não houve piedade

Porém tiro de morteiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Caíram pra não morrer

O escritor escreveu

Era ser livre ou morrer

Canudos não se rendeu

Na maior perversidade

Oh povo bravo e guerreiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade

Após morrer Conselheiro

Os jagunços fraquejaram

Acabou ali o sonho

Que tantos ali sonharam

Muita singularidade

Neste fato derradeiro

Foi Antonio Conselheiro

Sonhador da liberdade