O SABIÁ VORTÔ

É de tarde, qué anoitecê.

Tornô cantá o sabiá.

Será qu’ ele vei me alembrá

Qu’ era hora de iscrevê ?

Hoje não cuzinhei míi,

Ralei ele e fiz mingau.

Com canela, quentim eu cumí,

Com açúca e um poquim de sal.

Tamém eu num fui trabaiá,

Eu fiquei foi de papo pro ar.

Isperano o tar carnavá

Que havera de passá.

Juntei a famiarada

E vim pra esse cantim

Prá ficá sem fazê nada.

Puiz contra-filé na chapa,

Na cachaça dei dois tapa

Já fiquei arrumadim.

Botei musga sertaneja

Toquei violão e viola

E a carne tava ajeitada.

Tomei arguma cerveja

Cumí carne, chupei carambola

Junto com minha amada.

Divirtí com meu minino

Que agora já tá durmino

De tanta brincaderada.

E eu... aqui na varanda.

Já iscureceu, otra veiz

Tô com medo da ciranda

Que amanhã cumeça às seis.

" Tamém sucedeu-se assim, cumpadi, em 04.02.08 "