SABIÁ NA CUMUNHERA
Eu tava deitado na rede
Cumeno uma ispiga de míi
Oví um sabiá cantá.
Botei sintido no canto
Tinha tudo qu’ era incanto
Fiquei tempo a iscutá.
Será qu’ele canta de sede
De sodade ô de tristeza
Ô se canta essa beleza
Pidino pra chuva vorta?
Joguei fora a ispiga de míi
Levantei devagarinho...
Quis o bichim incontrá.
Na cumunhera da casa
Do vizim do la’ de lá
Num foi difice achá.
Fui prucurá essa pena
Pra iscrevê, tê lembramça,
Ô intão dexá pras criança
Que quando num fô mais pequena
Pode num tê sabiá.
O bichim vuô das teia
Ao me vê movimentá.
Acho que é umas sete-e-meia
Cai a noite, um cachorro late...
Iscuto grilo e um sapo roncá.
Acindí a lúiz da varanda...
A muié e a sogra proseia
No relóg’ é oito-e-meia
E eu aqui nessas banda.
Vejo a vida brotá do chão
E a rede oiano pra mim
Uma hora se passô intão
Nesse iscrito eu vô dá fim.
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" Foi assim que sucedeu, cumpadi, em 03.02.08 "