Acuda meu Padim Ciço.
Autor:Daniel Fiúza.
02/05/2004
Valha-me nossa senhora
Acuda meu Padim Ciço
Eu fui bulir c’um muié
Que já tinha cumpromiço
Por essa minha ousadia
Eu peço a virgem Maria
Me livra do rebuliço.
Eu fui fazer estrupiço
Mexer c’a muié alheia
Agora o marido dela
Quer me lascar uma peia
Se puder vai me matá
Ou mesmo me instrupiá
A coisa vai ficá feia.
No angu vai ter areia
Ela tem marido bravo
Como sou cabra da peste
Uma boa cova eu cavo
Se de faca ou de revolver
Essa pendenga resolve
Se não fizer desagravo.
Da fruta eu sou o travo
Da carne eu sou o fel
Do vulcão eu sou a lava
Sou o canhão do quartel
Eu não gosto de brigar
Se não puder evitar
Não fujo feito berel.
Ir pro inferno ou pro céu
Essa é a grande diferença
Eu prendo, julgo e condeno
Depois só dou a sentença
Se é pra matá ou morrer
Faço o que tem que fazer
Sem piedade ou clemença.
Tenho pouca paciença
E muita reiva no quengo
Meu defeito sempre foi
Esse de ser mulherengo
Eu fui mexer com muié
Esposa d’um coroné
Me arrisquei pelo dengo.
Torcendo pelo Flamengo
Vou à torcida do Vasco
Se tiver muié presente
Enfrento até poder basco
Um dia vou morrer disso
Sortera ou com compromiço
Se bobiar, canto e tasco.