CHIMBA, O ORADOR POPULAR
Vou tentar contar o feito
A breve história de Chimba
Talvez lhe preste um preito
Sem ter bastante tarimba
Quero agora expressar
Perquirir seu universo
E traduzir tudo em verso
Sua história singular
Contar-lhe é meu dever
Sua grande diferença
Quando estava sem beber
Não havia malquerença
Era calmo e sonhador
Mas ao tomar cachaçadas
Ele vinha prás calçadas
E mudava seu humor
Totalmente diferente
Ficava alegre e ousado
Vinha prás casas em frente
Com grande palavreado
Parece que incorporava
Um espírito de orador
Tamanho era o rumor
Discursava e gritava
Falava de todo mundo
Metia o pau nos prefeitos
Balançava o seu fundo
Fazia muitos trejeitos
Gritava em alto e bom som
Não respeitava ninguém
Era um espírito do além
Não tinha nada de bom
O seu comício era longo
Ele gritava bem alto
Parecia um biongo
Ali no meio do asfalto
Quando exagerava a pinga
Ai virava por cima
Aqui me falta até rima
Pra versejar sua ginga
Descia esculhambação
E não havia catimba
Ao ouvir a entonação
Dizia o povo é Chimba
Começava o barulho
E descia a verborréia
Quase rasgando a traquéia
Era grande o sarrabulho
Além de muito gritar
Também ficava atrevido
Chegou até a levar
Tapas no pé do ouvido
A ninguém ele atendia
Aquele pequeno vulto
Fazia muito tumulto
Isso quase todo dia
Eu exagerei um pouco
Falei que a ninguém atendia
Esse barulhento louco
Mas se seu filho acorria
Ao local do desmantelo
De repente se calava
A ele acompanhava
Fazia com todo zelo
Nunca pude entender
O que em seu íntimo passava
Não sei se estava a sofrer
Ou se revolta externava
Talvez em seu coração
Fervessem ondas de amor
Queimando o peito em dor
Sofrendo sofreguidão
É a explicação palpável
De seu gesto tresloucado
Gritar no imponderável
Jogar fora ódio guardado
Remoendo a amargura
Sintetizar num discurso
Morder no verbo do curso
O punhal que fere e fura
Parece que extravasava
Mágoas de antes guardadas
N’alma triste que gritava
Marcas duras carimbadas
Na lava de seus vulcões
O seu pobre peito aflito
Discursava aquele grito
Descarregando tensões
Pois já no dia seguinte
Parecia outra pessoa
Não tinha nenhum acinte
Já passava numa boa
Ia para o seu emprego
Não praticava motim
Nem havia torvelim
Já não tinha mais chamego
São figuras pitorescas
Registradas nos anais
Estarão nas mentes frescas
Não esquecidas jamais
O escritor pinta o papel
Conta pequenos detalhes
Recorta alguns entalhes
Enriquece o seu cordel
Passou para a história
Do folclore da cidade
Com aquela oratória
Cheia de verbosidade
Escrevo esta abordagem
Sem querer causar pítimba
Dedico ao amigo Chimba
Esta simples homenagem
Arnaud Amorim
Chimba velho de guerra
o pobre bêbado palhaço
que nos lembrava Carlitos
balançando o espinhaço
e rindo feito criança
a mente solta no espaço.
(Gilbamar de Oliveira)
Vou tentar contar o feito
A breve história de Chimba
Talvez lhe preste um preito
Sem ter bastante tarimba
Quero agora expressar
Perquirir seu universo
E traduzir tudo em verso
Sua história singular
Contar-lhe é meu dever
Sua grande diferença
Quando estava sem beber
Não havia malquerença
Era calmo e sonhador
Mas ao tomar cachaçadas
Ele vinha prás calçadas
E mudava seu humor
Totalmente diferente
Ficava alegre e ousado
Vinha prás casas em frente
Com grande palavreado
Parece que incorporava
Um espírito de orador
Tamanho era o rumor
Discursava e gritava
Falava de todo mundo
Metia o pau nos prefeitos
Balançava o seu fundo
Fazia muitos trejeitos
Gritava em alto e bom som
Não respeitava ninguém
Era um espírito do além
Não tinha nada de bom
O seu comício era longo
Ele gritava bem alto
Parecia um biongo
Ali no meio do asfalto
Quando exagerava a pinga
Ai virava por cima
Aqui me falta até rima
Pra versejar sua ginga
Descia esculhambação
E não havia catimba
Ao ouvir a entonação
Dizia o povo é Chimba
Começava o barulho
E descia a verborréia
Quase rasgando a traquéia
Era grande o sarrabulho
Além de muito gritar
Também ficava atrevido
Chegou até a levar
Tapas no pé do ouvido
A ninguém ele atendia
Aquele pequeno vulto
Fazia muito tumulto
Isso quase todo dia
Eu exagerei um pouco
Falei que a ninguém atendia
Esse barulhento louco
Mas se seu filho acorria
Ao local do desmantelo
De repente se calava
A ele acompanhava
Fazia com todo zelo
Nunca pude entender
O que em seu íntimo passava
Não sei se estava a sofrer
Ou se revolta externava
Talvez em seu coração
Fervessem ondas de amor
Queimando o peito em dor
Sofrendo sofreguidão
É a explicação palpável
De seu gesto tresloucado
Gritar no imponderável
Jogar fora ódio guardado
Remoendo a amargura
Sintetizar num discurso
Morder no verbo do curso
O punhal que fere e fura
Parece que extravasava
Mágoas de antes guardadas
N’alma triste que gritava
Marcas duras carimbadas
Na lava de seus vulcões
O seu pobre peito aflito
Discursava aquele grito
Descarregando tensões
Pois já no dia seguinte
Parecia outra pessoa
Não tinha nenhum acinte
Já passava numa boa
Ia para o seu emprego
Não praticava motim
Nem havia torvelim
Já não tinha mais chamego
São figuras pitorescas
Registradas nos anais
Estarão nas mentes frescas
Não esquecidas jamais
O escritor pinta o papel
Conta pequenos detalhes
Recorta alguns entalhes
Enriquece o seu cordel
Passou para a história
Do folclore da cidade
Com aquela oratória
Cheia de verbosidade
Escrevo esta abordagem
Sem querer causar pítimba
Dedico ao amigo Chimba
Esta simples homenagem
Arnaud Amorim
Chimba velho de guerra
o pobre bêbado palhaço
que nos lembrava Carlitos
balançando o espinhaço
e rindo feito criança
a mente solta no espaço.
(Gilbamar de Oliveira)