"MODUS OPERANDI"
Modus Operandi
escrito para meu amigo Pêrrêjota
em Belém aos 24 de dezembro de 1999
O Pedro Renda me diz “já não és poeta”!
diz que meu estro está em decadência,
mas ser cordelista não é uma ciência
como exatas, humanas, e assim correta,
que se aprenda em universidade,
é antes um “Dom”, e isto na verdade
não depende de academicismo,
e nem impede o analfabetismo
que hajam poetas de grande qualidade.
Nós, os Poetas, vemos em toda parte
assuntos e motivos para rimas,
todos os fatos são matérias primas
porque ser Rimador é uma arte.
é popular pois fala do que quer,
então não permite”Laissez-faire”
pois perderia a espontaneidade,
escrevemos muita “merda”, é verdade!
porém só lê aquele que quiser.
Se apaixonados, escrevemos Sonetos,
se aguerridos, compomos baladas,
se emotivos, saudades passadas,
se desmotivados, simples poemetos.
se confusos, poemas caóticos,
se libidinosos, poemas eróticos,
se hilares, só bufonarias,
se gaiatos, só patifarias,
se galvânicos, Odes Patrioticos.
quando inspirados, poemas heóicos
sobre os feitos de nossos ancestrais,
engrandecemos aos nossos “Generais”
com mentiras de gênios paranóicos.
divinizamos nossos inventores,
pomos em pedestais nossos doutores,
reverenciamos antigas sumidades,
superestimando suas qualidades
e exarcebando todos seus valores.
Somos críticos e repórteres da vida,
somos cronistas dos fatos corriqueiros,
somos os demiurgos e os coveiros,
nossa verve a tudo dá guarida,
pois criamos enterramos tudo e nada,
somos os andarilhos da estrada
do tempo, tudo ouvimos e tudo vemos,
o modo peculiar como escrevemos
nos vem do “DOM” da palavra rimada.
Por isto meu querido camarada
“Pêrrêjota”, que amo, que estimo,
não é para agrada-lo que Eu rimo,
por tal motivo não faria nada.
... é telúrico, é coisa compulsória,
seja poesias, poemas ou uma estória
“Zélimeirante” ou “malazartiana”
Cervantina, Homérica ou Camoniana,
verídica ou irreal e iluória.
Nãoão busco neste “DOM” nenhuma gória,
escrevo por escrever, isto é o bastante,
uso linguajar chulo ou elegante
conforme o humor que me sabe na hora,
ao ler meus versos muita gente cora
envergonhada; falsa pudicícia!
Outros porem os accham uma delícia
pois minha obra é um grande mosáico,
pois a faço sem espírito farisáico,
sou dentro e fora a mesma imundícia.
Gosto de ser assim, é uma delícia,
Não sou “túmulo caiado”, sou real,
as vêzes Santo, as vêzes Animal,
as vezes sou veraz, com nímio zêlo,
tratando tudo com grande desvêlo,
as vêzes mentiroso e incapaz,
é por isto que com DEUS vivo em paz,
sou um Homem normal, não um modêlo.
ps:
PÊRRÊJOTA é como chamo carinhosamente
meu grande Amigo Pedro Renda Junior