“OS PORRÕES DA DITADURA”. (Cordel com Teor Político)
Quero aqui nesse cordel,
Falar das realidades,
Dos porões da ditadura,
Recantos das crueldades,
Ali onde o ser humano,
Perdeu na mão de tiranos,
Suas vidas e liberdade.
Tratava-se como inimigo,
Quem pensasse diferente,
Eram presos e torturados,
E nem consideravam gente,
Piores que um cão voraz,
Mandados por generais,
Matavam-se friamente.
Nesses escuros porões,
Fétidos e muito escuro,
Jogavam as suas vítimas,
Privadas de seu futuro,
Entregues a triste sorte,
Ali esperando a morte,
Com vermes no monturo.
Nesses malditos porões,
Tinham as unhas arrancada,
Em molambos envolvidos,
Corpo de almas destroçada,
Desse agourento regime,
Que até hoje se distingue,
Por tantas vidas ceifadas.
Nesse maldito regime,
Não tinha sexo ou idade,
Onde a tal pau de araras,
Reinava qual majestade,
Tantos homens torturados,
Por bando de cães irados,
Matando sem piedade.
Com milhares ainda hoje,
Não se sabe o paradeiro,
Pais mortos sem os filhos,
Convivem com o pesadelo,
Tantos no mar descartados,
Tinha seus corpos jogados,
Indigentes verdadeiros.
Era nesses escuros porões,
Com suas grossas paredes,
Em seus potentes ferrolhos,
Onde o diabo armava a rede,
Quem fosse pra quele lugar,
Com ninguém podia contar,
Nem pra matar sua sede.
Um tal de Brilhante Ustra,
Como o de mais crueldade,
Onde as vítimas inocentes,
Provavam suas maldades,
Mulheres eram torturadas,
Com as vaginas esfoladas,
Com ratos em quantidades.
Inda a pouco nós vivemos,
Fatídico oito de janeiro,
Com um bando de imbecis,
Gritando em desespero,
Tomados por tal loucura,
Flertavam pela tortura,
A saber qual vai primeiro.
Pra esses torturadores,
Pessoa alguma era humana,
Pois sua sede sanguinária,
Junta com a ganância insana,
Ninguém tinha liberdade,
Fosse no campo ou cidade,
Tinham a morte por cama.
Nesse funesto tormento,
Muitos viveram exilados,
Fugindo sem dever nada,
Pra não ser aniquilados,
Muitos artistas e escritores,
Jornalistas e doutores,
Eram como cães tratados.
Nos tenebrosos locais,
Presos eram espantalhos,
De pisos sujos e íngremes,
Fosse chão ou assoalho,
Direitos ali ninguém tinha,
Nela a morte mesquinha,
Era acidente de trabalho.
Assim surgiu o AI cinco,
Para tudo então piorar,
Um órgão aniquilador,
Que inventaram ali criar,
Era a polícia matando,
Estuprando e torturando,
Carta branca pra matar.
Tem o caso Rubens Paiva,
Hoje o mais comentado,
Sua história virou filme,
Que está sendo passado,
Que no rio de janeiro,
Esse grande engenheiro,
Sendo preso executado.
Por muitos anos a viúva,
Tem por justiça lutado,
Reclamando pelo corpo,
Sobre o cunho do estado,
Só após quarenta anos,
Tudo foi se encaixando,
Chegam ao tal resultado.
Por todos tipos de crimes,
Instituiu-se a ditadura,
Expurgados ou executados,
Foram muitas criaturas,
Muitos desaparecimentos,
Aumentando o sofrimento,
De famílias em amarguras.
Cadáveres desaparecidos,
Nunca foram encontrados,
Alguns nem viram o lugar,
Onde foram sepultados,
Até hoje ainda tem gente,
Que perdeu seu parente,
Tendo seu corpo ocultado.
Essa maldita ditadura,
Não é coisa de cristão,
Além de ser truculenta,
Com qualquer oposição,
Agindo como o entender,
Fazendo o povo sofrer,
Isso é uma coisa do cão.
Firmou-se esse tal regime,
Com poder autoritário,
Tomavam qualquer medida,
Que achassem necessário,
Fecharam até o congresso,
Esses tiranos confessos,
Eram da morte emissários.
Quem pede por ditaduras,
É também um torturador,
Apoiador dessas agruras,
Leva nos ombros o terror,
Onde ninguém tem direito,
Sendo o ambiente perfeito,
Pro ódio em vez do amor.
Cbpoesias.
26/04/2025.