“UM CORDEL CAIPIRA”.
Pois todo pescador raiz,
Pisa macio no barranco,
Não faz sombra na beirada,
Pra não provocar espanto,
Jogando a isca certinho,
Pega os peixes eu garanto,
Não se mete em embrulho,
Quietinho não faz barulho,
Nem se mexe no seu canto.
Para pegar qualquer peixe,
Sabe as iscas apropriadas,
Segurando forte na linha,
Pra caprichar na fisgada,
Procurando os remansos,
Embocaduras marcadas,
Fica então com paciência,
Usa toda a experiencia,
Evitando em dar mancada.
Tem sempre o minhocaçu,
Pra pegar peixe de couro,
Deixa mexer nos anzóis,
Mas não leva desaforo,
Cansa o bicho na linhada,
Peixe corre com vontade,
Dando a linha que puder,
Cansa o peixe que tiver,
Na linha sem vaidades.
Vaqueiro que se respeita,
Não foge de um desafio,
De se embrenhar na mata,
Para cercar o novilho,
No lombo de seu cavalo,
Nunca espera por estio,
Corre a perseguir o touro,
Vestido o roupão de couro,
Nas caatingas do Brasil.
O vaqueiro pantaneiro,
Que vive a tocar boiada,
De posse de seu berrante,
Sopra forte na invernada,
Seu chapéu de aba larga,
Cobre o sol pelas estradas,
Fica a mercê do tempo,
Muitas noites no relento,
Pra cumprir sua jornada.
Marcar e pegar novilhas,
Essa é a vida do vaqueiro,
No comando do rebanho,
Pra agradar o fazendeiro,
Não tem dia e nem hora,
Cavalga sempre faceiro,
Sempre pronto pra pegar,
Nas trilhas dos marruás,
Como um bom boiadeiro.
Nas lidas de boiadeiros,
Só fica quem tem coragem,
Pra pegar os bois no laço,
Nos recantos das pastagens,
Nesse emprego perigoso,
Não aceita malandragem,
O cabra tem que ser macho,
E escapar dos embaraços,
Do assombro de visagens.
O lavrador que prospera,
Não tem medo de encarar,
No corte de sua enxada,
Percebe o mato deitar,
E as forças bem nutridas,
Feijão e arroz com jabá,
Sabe a hora de colheita,
Já tem de cor a receita,
Desde a hora de plantar.
Na preparação da terra,
Já põe a mão no arado,
No alto ou no pé da serra,
Deixa o solo gradeado,
E lá na beira dos lagos,
Fica bem agasalhado,
E faz das piabas iscas,
A cochilar não se arrisca,
No rio onde tem dourado.
E nesse cordel caipira,
Retratado com clareza,
A vida dos camponeses,
Os grandes da natureza,
Trazem na simplicidade,
A sua maior grandeza,
Deixo a tais meu louvor,
Ao vaqueiro e agricultor,
Gente de maior nobreza.
Cbpoesias.
21/04/2025.