O COROA, A NOVINHA E O LEÃO DA RECEITA
O coroa era casado,
vida boa, sem tormento,
mulher fiel, bem cuidada,
filhos tudo adolescente.
Mas o tal, cheio de si,
vaidoso e namorador,
gostava de aparecer,
só faltava ser doutor!
Na igreja, todo santinho,
de gravata e sapato brilhando,
mas o olho já tava longe,
numa novinha encantando.
Ela, jovem, sorriso doce,
olhar cheio de mistério,
fazia o coroa tremer, bicha boa e formosa,
quase perdia o juízo, o critério.
Ele de fora, cidade pequena...
povo já cochichava,
a fofoca foi crescente:
"Olha o coroa lá,
caindo na dela, inocente!"
A esposa, sempre prudente,
não gritou, não fez alarde,
mas Enraivecida foi lá na Receita
e botou o dedo no carde!
"Tem grana pra novinha,
mas pro Leão não declarou?
Vamos ver no seu imposto
onde é que ele se escondeu, se escorou!"
Os fiscais caíram em cima,
o coroa quase prende,
só não foi pra cadeia
porque fez acordo com o juiz e o agente!
Multa monstruosa veio, quase uma vida de suor,
mensalidade pesada,
e um termo de espera
pra ver se a dívida é acertada, e livrar o chilindró.
A novinha, esperta e viva,
só queria diversão,
mas o coroa pensou
que era puro coração.
Presentes, jantares caros,
viagens pra todo lado,
até que um belo dia...
o cartão foi bloqueado!
A justiça chegou firme, o governo se zangou,
a mulher tomou ação,
quase tudo que era dele
virou dela, sem perdão!
A novinha, de repente,
sumiu como vento leve,
foi pra outro mais novo,
deixou o coroa à neve!
Perdeu grana, perdeu fama,
até os amigos sumiram,
só sobrou a velha esposa...
que nem com ele ficou!
Moral da história é clara,
quem tem juízo não vacila:
melhor uma mulher certa em casa, do que novinha na pilha,
e declarar na malha fina da Receita!