O Osso da Sorte
Nos domingos na roça, a alegria reinava,
Na fazenda da vovó, a família se encontrava.
Com primos e parentes, a festa começava,
E o almoço farto, a todos saciava.
Após a refeição, a tradição surgia,
O "osso da sorte", a disputa iniciava.
Seco no sol, ou na chapa a lenha,
"Eu vou ganhar!", Adauto logo dizia,
E Tonho, com voz chorosa, não se continha.
A ansiedade crescia, a disputa se armava,
E Jane, a juíza, a contagem iniciava.
"Um, dois, três... já!", o grito ecoava,
E os olhos fixos no osso, a tensão aumentava.
Quem ficaria com a parte maior, a sorte revelava,
E o perdedor, inconformado, a reclamação entoava.
Choros e birras, a disputa marcavam,
Mas a tradição, com risos, se perpetuava.
O tempo passou, a infância se foi,
E o "osso da sorte", na memória ficou.
A prática lúdica, outrora tão comum,
Hoje, na lembrança, um doce perfume.
Pequenos eventos, grandes alegrias,
A infância na roça, em doces melodias.
A tradição se perdeu, a distância separou,
Mas a memória do "osso", jamais se apagou.
Um cordel da infância, um tempo feliz,
Onde a sorte e a alegria, eram sempre bis.