O BIG BROTHER BRASIL ANIMAL
Um passarinho que vive
Cantando no meu quintal
Me falou que certa vez
Nas bandas do pantanal
Os bichos realizaram
Um Big Brother Animal.
Falou-me que convidaram
O gato maracajá,
O veado catingueiro,
O famoso o lobo guará,
O tatu peba, a cutia
E seu marido preá.
Convidaram a preguiça,
A guariba, o siri,
A capivara, o coelho,
O marreco, o bem-te-vi,
A maritaca, a jiboia
E sua prima sucuri.
Convidaram sapo, jia,
O tucano, o beija-flor,
O maçarico, a coruja,
Um pássaro dançador,
O canário ficou fora
Apesar de ser cantor.
O leão foi convidado,
Mas não achou uma boa,
Preferiu curtir as férias
Na companhia da leoa,
Já compadre Jacaré
Não quis deixar a lagoa.
Convidaram o tico-tico,
A cegonha, o pavão,
O besouro, a lagartixa,
O morcego, o azulão,
O cachorro, sem convite,
Foi barrado no portão.
Convidaram o peru,
A seriema, o mocó,
O pica-pau amarelo,
A rolinha, o socó,
O pinguim, muito elegante,
Foi com o seu paletó.
Convidaram a galinha,
O galo, o pinto pelado,
A lontra, o guaxinim.
O cágado foi convidado,
Mas mandou o jabuti
Em seu lugar disfarçado.
Convidaram o calangro,
O papa vento, o teú,
O pato, a garça-branca,
Arara-vermelha, azul...
O martim-pescador,
Ouriço-preto e o tuiuiú.
Convidaram o jumento,
O tamanduá-bandeira,
O cervo, a anta, o quati,
O grilo, a caranguejeira,
A briba, o camaleão
E a formiga cortadeira.
Convidaram a raposa,
A paca, o porco queixada,
O cabrito, a capivara,
O boi, a vaca malhada,
Só não mandaram convite
Para dona onça-pintada.
Ao sinal do papagaio,
Que fazia a apresentação,
Na estreia do evento
Teve muita animação.
Todo bicho que chegava
Queria chamar atenção.
Na hora que começou
A disputa pra valer,
Teve esculhambação
E escândalo na TV,
Por que todo animal
Tinha ido pra vencer.
O galo se apavorou
E ficou destemperado
Por que não queria dormir
Com a raposa do seu lado,
Foi preciso o caburé
Ficar a noite acordado.
O veado catingueiro,
Todo mofino e metido,
Vendo o rabo do pavão
Muito grande e colorido,
Destilava sua inveja
Pelos cantos escondido.
A arara-azul fuxicava
No quarto com a maritaca,
Que o quati traiu a lontra,
O coelho beijou a paca
E o boi pegou o morcego
Mordendo o pescoço da vaca.
A cegonha discutia,
Com o marreco e o tico-tico,
Por causa duma mentira
Que envolvia o maçarico
E o tucano, intrometido,
Querendo meter o bico.
A guariba, escandalosa,
Pra fazer provocação,
Bebia, ficava tonta,
Bravejava palavrão
E quando tocava um funk
Rebolava até o chão.
Num canto, arara-vermelha,
Aos beijos com o beija-flor,
A garça branca dançava
Com o pássaro-dançador
Para provocar ciúmes
No martim-pescador.
Já a cotia e o preá,
Discutiam a relação,
Ele, cheios de enciúmes
Por causa do azulão,
E ela, muito carente,
Pedindo mais atenção.
A sucuri, sem amigos,
Querendo desabafar,
Rastejava sutilmente
Pelos cantos do lugar
Procurando um animal
Para poder abraçar.
Quando tinha alguma festa,
O gato perdia a vergonha,
O pinto pelado dançava
Agarrado com a cegonha,
A sucuri com a jiboia
Fumavam erva medonha.
.
Na hora que o DJ
Tocava um belo forró,
A Seriema agarrava
No pescoço do socó
E dizia: - Eita! moléstia!
Meu compadre, arrocha o nó!
A jia dançava com o sapo,
Rolinha com o bem-te-vi,
A capivara com o veado,
A guariba com o quati
A anta com o tamanduá,
A preguiça com o jabuti,
Dona paca com o coelho,
A raposa com o jumento,
A cutia com o preá,
A briba com papa-vento,
O lobo olhava de longe,
Cheio de acanhamento.
O pica-pau agitava
O ritmo batucando,
A lagartixa subia
Nas paredes requebrando,
O calangro, só ficava
Com a cabeça balançando.
A coruja quebrava asa
Pro lado do caburé,
O galo seguia a galinha
Fazendo seu rapapé,
O pinguim, meio sem jeito,
Dançava arrastando o pé.
Até o siri entrava
No meio da brincadeira,
Dançando meio de lado
Com dona caranguejeira,
Mas ninguém queria dançar
Com a formiga cortadeira.
Numa noite, o papagaio,
Apareceu animado
E disse a festa tá boa,
Mas o momento é chegado
De sabermos quem será
O primeiro eliminado.
O pato, no mesmo instante,
Abriu logo a votação,
Dizendo: - O meu voto vai
Para o chato do pavão.
O veado bateu palmas
De tanta satisfação.
O sapo, dando dois pulos
Tomou a vez para si
E falou alardeando:
- Eu voto na sucuri.
O pinguim, falou do lado:
- Vou votar é no siri.
A jibóia escondida,
Não gostou do que ouvia,
Então, falou lá dum canto:
- Sendo assim, voto na jia.
- Eu escolho a capivara,
Assim, falou a cotia.
O peru, entediado,
Quase saindo da linha,
Disse: - Tem muita ave falsa
Se fazendo de santinha,
Eu vou votar no galo,
Pois não gosto da galinha.
A cegonha fez sinal
E disse: - Não faça intriga!
Respeite dona galinha,
Pois ela é minha amiga,
Você tem muita sorte
Do galo não ser de briga.
Interveio o papagaio,
Dizendo: -Vamos em frente,
Em quem vota a capivara?
Ela falou prontamente:
- Meu vota vai pra guariba,
Por que ela é indecente.
Retrucou-lhe a guariba:
- Indecente é a sua cara!
- Falou bravo o papagaio:
- Vamos ver se agora para!
Vota em quem? Ela falou:
- Oxente! na capivara!
- Próximo! - Falou o papagaio,
Já bastante estressado.
O galo disse: - O meu voto
Vai para o pinto pelado.
- E eu voto no morcego,
- Completou o boi, enfezado.
- Eu voto na garça-branca,
- Falou a vaca malhada,
Seguida pela raposa,
Tatu e porco queixada
E assim de um em um
Votou toda a bicharada.
A capivara e a guariba,
No fim dessa votação,
Acabaram indicadas
Para ir ao paredão
E só uma escaparia
De sofrer eliminação.
Na hora de anunciar
O resultado final
O papagaio ao vivo
Na emissora animal,
Bancou crônica e suspense
Como fosse Pedro Bial.
Num discurso improvisado
Cheio de volta e rodeio,
Fez piadas com a preguiça,
Rapapé e muito floreio,
Quando resolveu parar
O público estava cheio.
A capivara cansada
De tanto papo furado,
Já estava cochilando
Recostada no veado
Quando escutou o papagaio
Arrazoando consternado:
- Quem vai deixar o reality
Tem a pelagem clara,
Gosta muito de nadar,
Tem uma beleza rara,
A eliminada de hoje
Foi a dona capivara!
Naquele exato momento
Ouviu-se uma pancada
E um vulto assombroso
Surgiu fazendo zuada.
Gritou o coelho: - É a onça!
Vamos dar no pé, moçada!
A bicharada, daí,
Perdeu as estribeiras,
Quem possuía quatro patas
Saiu a toda carreira,
Quem não tinha rastejou
E foi aquela bagaceira.
O jumento pisou o sapo,
E tropeçou no tatu,
A cegonha apavorada,
Se agarrou com o tuiuiú,
O peru caiu rolando,
Fazendo glu! glu! glu! glu!
O galo disse: - Bem feito,
Agora, tu me pagaste!
A galinha satisfeita,
Sorrido carcarejou:
- Peru velho, fuxiqueiro,
Dessa vez tu te lascou!
A cutia que vinha a toda,
Correndo e dando pinote,
A onça pôde alcança-la
Lá no meio do magote,
Só não foi abocanhada,
Por que a fera errou o bote.
- Corre que a onça tem fome,
Bicharada, dá no pé,
- Alarmou em alta voz
O prudente caburé,
A capivara com medo
Saltou num igarapé.
A onça que vinha a toda,
Com uma fome voraz
Jogou-se na água também,
De forma muito sagaz,
E num ataque certeiro
Agarrou a coitada por traz.
- Você está fora do jogo,
- Falou a onça pintada,
Dê adeus a este mundo,
Minha nobre camarada,
Agora vou lhe comer,
Você foi eliminada!
A bicharada em fuga
Nem sequer desconfiou
Que a capivara, coitada,
Nas garras da fera ficou.
Assim, todos escaparam
E a onça alegre jantou.
Quando foi no dia seguinte
A notícia no jornal:
- Termina em confusão
O Big Brother Animal,
A cotia ficou sem rabo,
O veado passou mal.
O jabuti rachou o casco,
A cegonha quebrou a asa,
O jumento se perdeu
O tatu erou a casa,
A briba quase morreu,
Calangro quase se arrasa.
A galinha traiu o galo,
A vaca foi assediada,
Sucuri fugiu pro rio,
Guariba ficou mal falada,
A anta ficou sem rumo,
A jiboia, toda enrolada.
A preguiça ficou muda,
A coruja anda escondida,
Arara azul ficou vermelha,
A capivara, sem saída,
Caiu nas garras da onça
E está desaparecida.
O siri de tanto medo
Ficou andando de lado,
O papagaio negou culpa,
Mas será investigado
E pode ir para gaiola
Se acaso for processado.
- Tudo isto aconteceu,
Por que a onça, preterida,
Se sentindo desonrada
E bastante ofendida,
Resolveu fazer vingança
De maneira desmedida.
Assim, até hoje em dia
Dona onça, insatisfeita,
Ataca todos os bichos,
Observa, fica à espreita,
Sempre pronta pra pegar
Bicho besta que a rejeita.
FIM