IGREJA DA CORRUPÇÃO
Eu vou contar pra vocês
Um causo de roubalheira
Daquele pastor ladrão
Que serve pra dar rasteira
Em gente de grande fé
Nessa terra brasileira.
Naquela casa faceira
Tanto devoto rezava
Pagando todos pecados
Quem tinha grana salvava
Quem não tinha só se sabe
Que toda vez se lascava.
O Pastor Zé Caçapava
Roubava de fazer dó
Contava tanta mentira
Pra cabeça dá um nó
Mama nas tetas alheias
Cheirava lenço de pó.
Certo dia Zé Bocó
Desconfiou do pastor
Disse que sua mulher
O tratava de doutor
Foi simbora para longe
Pras terras do Seu Castor.
Sacerdote redentor
Naquela vil redondeza
Ainda vivia solteiro
Mesmo com toda riqueza
Tinha casas na cidade
Pra cobrar tinha brabeza.
Fala com voz de leveza
Enganando seus fiéis
Mentindo faz o sucesso
Praqueles más coronéis
Que diz ter sido formado
Com diversos bacharéis.
Cantando com menestréis
Poeta se desespera
Gritando pra toda gente
Mas este pastor impera
Seus seguidores são tantos
Que logo se tornam fera.
Nenhuma mente sincera
Tem ali desconfiança
O pastor é da família
Tratado como criança
O povo ver no sujeito
A tão gentil esperança.
É gorda sua poupança
Das vendas de tantas motos
O pastor tem o domínio
De tirar diversas fotos
Vestindo seu paletó
Batizando tantos votos.
Com proteção dos devotos
Na reza cotidiana
Com falsa simplicidade
Tanta gente bebe cana
Descrentes endividados
Pastor ladrão só engana.
Desonesto é sacana
Bota é pra destruir
Rouba dinheiro do crente
Só quer mesmo possuir
Faz da Bíblia seu jargão
Mentindo pra construir.
As igrejas do porvir
Existem nesta cidade
Pastores são depravados
Não visam contar verdade
Andam só perambulando
Buscando mais a maldade.
Nobre sem idoneidade
Vive colhendo dinheiro
Mentindo para fiéis
Num tiro que é certeiro
Contando tantas bobagens
Do livro mais verdadeiro.
Caçapava forasteiro
Vive da depravação
Pois lava dinheiro sujo
Com juros e correção
Igrejas que são corruptas
Vacilam sem comoção.
O templo da maldição
Tem culpa falso pastor
Andando com humildade
Causa tanto dissabor
População nem pensar
Tudo que faz tem amor.
Roubando sente sabor
Aquele pastor ladrão
Dos forasteiros bandidos
Que se tornaram padrão
Fez profundas malvadezas
Nas conversas de Pedrão.
Distante do esquadrão
Daquela rica igreja
Um corrupto de mão cheia
Destes que ninguém deseja
Transforma tudo em bordel
Deus do céu que nos proteja.
A morte ninguém almeja
Onde Pedrão habitava
Maldade tem no pastor
Que há tempo palpitava
Matar um pobre coitado
Que da verdade gostava.
No pastor também restava
As coisas que encobriam
As chacinas foram tantas
E todos dali já sabiam
Quem era o assassino
E os jornais já descobriam.
Igrejas se ressentiam
Mas desarrumada de ética
Um pastor sem cabimento
De vida bastante patética
Os devotos tão inocentes
Lhe chamam de vida atlética.
Falar em tom de fonética
Sujando sempre as mãos
Pelo poder do dinheiro
E dos roubos nos cidadãos
O pastor tem que ser preso
Por causar corrupção.
A milícia facção
Dá proteção pro pastor
Recebe uma boa mesada
Que compram até trator
A cada dia que se passa
Sofre no céu o Redentor.
Esse lugar infrator
Tem a igreja do tormento
Políticos de toda classe
Não fazem um movimento
Pra denunciar o pastor
De péssimo envolvimento.
A polícia tem elemento
Dessa tremenda quadrilha
O pastor é beneficiado
E a pastora sua filha
O roubo é cada vez maior
Tem gente dono de ilha.
Esse pastor segue a trilha
Descoberto pelos jornais
Estes de oposição
De verdades carnais
Foram fundo nas notas
Sem nota nos bornais.
Igreja dos seis canais
Vive roubando do pobre
Dizendo que tem o céu
Não se ver nada de nobre
Pegando carnes vencidas
E o poder tudo encobre.
O pastor compra por cobre
De quem quer denunciar
Explora todas as meninas
Ninguém quer presenciar
Tem dinheiro todo mês
E sempre quer financiar.
Pastor só quer enricar
Faz festa pro pobre fiel
O pagamento mensal
Quem controla é Miguel
Numa zona sem ter fim
Vai direto pro motel.
Candinha ver o bordel
Que veio lá do Sudeste
Se meteu com o pastor
E não teve quem conteste
Ficou buchuda de dois
E parou nesse Nordeste.
Pastor um filho da peste
Não muda seu pensamento
Um defendido por todos
Em qualquer padecimento
Importante é o dinheiro
Este é o sentimento.
Pesquisamos surgimento
Do profundo salafrário
Fui logo naquele templo
E vi seu gordo salário
Na lavagem de dinheiro
É o próprio mandatário.
O pastor autoritário
De Deus é bem protegido
Na terra tem os irmãos
É o povo mais ungido
Se veste de terno caro
Para não ser constrangido.
FIM
João Pessoa-PB, 17 de fevereiro de 2000.