A VIÚVA E O FEIRANTE
Sandoval era um feirante
Que esnobava qualidades
E para ganhar dinheiro
Vendia em muitas cidades.
Quando voltava pra casa
Com o coração em brasa
Tinha uma lua de mel,
Pois na vida de ambulante
Nunca arranjou uma amante
Porque sempre foi fiel.
Em uma grande cidade
Fez parada da viagem
E hospedou-se num hotel
Com toda sua bagagem.
Era um belo hotel de luxo
E antes de encher o bucho
Ficou pensando na vida
Lembrou da sua mulher
E disse: Se Deus quiser
Vou trazer minha querida.
Ele ficou encantado
Com o luxo do hotel
E falou: isso aqui é
Melhor que qualquer motel.
A minha mulher amada
Merece ser bem tratada,
E também aproveitar.
Vou ligar lhe convidando
Pra quando eu tiver voltando
A gente vir passear.
Ao ligar o celular
Pegou o número trocado
E ligou pruma viúva
Que há pouco tinha voltado
Do velório do marido
E que ao ter atendido
Só conseguia escutar
Porque ele afetuoso
Gentil e muito ansioso
Não deixava ela falar.
A mulher paralisada
Se encontrou em perigo,
Pensando, se ele morreu
Como quer falar comigo?
Sem saber o que fazer
Começou a se benzer
Com o celular no ouvido.
E ouvindo Sandoval
Começou a passar mal
Crente que era seu marido.
Para agradar sua esposa
Sandoval foi elegante,
Pois por sua profissão
Sempre foi muito falante.
Mas ele não percebeu
Que a mulher que atendeu
Escutou, mas não falou.
E além de estar infeliz,
Quando ele disse o que quis
A viúva desmaiou.
Ele começou falar
Feliz e com todo gás:
Meu amor fique tranquila
Porque eu cheguei em paz.
Mal acabei de chegar
Já reservei seu lugar,
Pois pra sempre eu hei de amá-la.
E como eu penso na gente,
Lhe digo: fique contente
Sexta-feira eu vou buscá-la.
Continuando o discurso
Mostrando sua bondade,
Ele falou, meu amor,
Estou MORTO de saudade.
Minha ALMA já está vazia
Quero a sua companhia
És meu amor IMORTAL.
Mas quando sair daí
Trás pouca roupa, que aqui,
Tá um calor INFERNAL.