A Verdade e a Mentira
Narra uma lenda judaica
Que a Verdade e a Mentira
Saíram pra tomar Sol
Cada qual com sua ira
E foi na beira do rio
Que essa versão espira
Versa então a mesma lenda
Que a Mentira deu bom dia
A Verdade sem temer
Respondeu com alegria
Bom dia, dona Mentira
Assim lhe fez companhia
Seguiram juntas ao Sol
Chegando a beira do rio
A Verdade por essência
Com o coração vazio
Sentiu na alma o engano
Daquele discurso sombrio
A Mentira doravante
Seguia com a maldade
Insistindo no convite
Tendo toda liberdade
No entanto, a peçonha
Repleta de falsidade
Consumado o convite
A Mentira entrou na água
A Verdade de igual modo
Entrou e ficou parada
A Mentira deu o golpe
Ela então foi enganada
A Mentira distraiu-a
Com sua "doce" mudança
Saiu da água ligeiro
Sem nenhuma esperança
Destilando seu veneno
Durante essa sua andança
Ambas estavam nuas
No rio a se banhar
A Mentira de repente
Não quis a outra esperar
Vestiu a roupa da Verdade
Saiu no mundo a enganar
Essa fábula descreve
A preferência do povo
Que às vezes faz besteira
Certo pelo duvidoso
Acreditando na Mentira
Algo bem doloroso
As pessoas preferem
Na Mentira acreditar
Com as roupas da Verdade
Ela continuar a enganar
Fazendo de muita gente
Presa fácil pro jantar.