A BANCA DO ZÉ

Numa casinha de praia

Morava Zefinha e Zé

Resolveram prosperar

Com muita devoção e fé

Botaram uma barraca

Pra vender até filé.

- Tu podes comer comigo

Dizia José pra Zefinha

Naquelas tardes praieiras

Feijão, arroz e galinha

Um almoço arretado

Que no lugar não se tinha.

Defendendo seu buchão

Seu José comeu primeiro

Zefinha comendo pouco

Lá detrás do petisqueiro

Feijão verde que dá gosto

Feito pro povo praieiro.

Seu José pegou o caderno

Foi somar sua receita

Olhou pra Zefinha e disse:

- Tua ajuda é sempre perfeita

Se não fosse o teu cuidado,

Eu tava numa encrenca feita.

Zefinha limpou a casa

Organizou as prateleiras

Disse: - Meu Zé, com esforço

A gente cruza as barreiras

O lucro é pra quem trabalha

Não adianta só maneiras.

Na praia, o povo falava

Da barraca do casal

Lá tem pão, tem simpatia

E um café sem igual

Seu Zé e Zefinha sorriam

Com união tão leal.

Certa tarde, na calçada

Apareceu Dona Glória

Com uma lista na mão

E um pedido de Seu Dória

Zefinha anotou tudinho

E guardou na sua memória.

Passaram-se algumas horas

E o povo chegou pra feira

Seu Zé, cheio de energia

Chamava até de maneira:

- Venham ver o que chegou

Farinha boa e peneira.

Zefinha, atenta aos fregueses

Servia tudo com calma

E Seu Dão, com alegria

Alegrava qualquer alma

Quem compra nessa barraca

Leva banana na palma.

A fama da sua barraca

Foi crescendo na cidade

Diziam que ali se achava

Muito mais que variedade

Era um lugar de afeto

De cuidado e amizade.

A barraca foi crescendo

E o povo não parava

Quem passava pela rua

Logo a boca se alvoroçava

Dizia que ali o trato

Era coisa que agradava.

Seu Zé, com sua destreza

Vendeu doce e vendido

Quem comprava, perguntava

Onde o preço tinha ido

Mas ele sorria contente

Porque o povo saía assistido.

Zefinha, com sua graça

Atendia com fervor

E na sua prateleira

Tudo estava com sabor

Fazia de tudo um jeito

Com seu toque de amor.

Uma tarde de domingo

Chegou um turista estrangeiro

Com seu sotaque forte

E o olhar bem ligeiro

Olhou pra barraca e disse:

- Vou querer o meu primeiro!

Zefinha, já experiente

Fez-lhe um café com carinho

Com o pão quentinho

E uma fruta no caminho

O turista, satisfeito

Perguntou: - Qual o seu segredinho?

O segredo da nossa vida

É sempre o mesmo, querido

Trabalhar com amor e empenho

E ser sempre agradecido

Aqui na nossa barraca

O coração é o vendido.

No final de cada tarde

O casal se retirava

Olha o sorriso de Zé,

Que com Zefinha caminhava

Na areia da praia calma

Onde o amor se entranhava.

O trabalho não era fácil

Mas o prazer era imenso

Cada compra era um gesto

De afeto e de amor intenso

Zefinha e Zé, unidos

Fez da barraca um consenso.

De longe vinham turistas

Aproveitar aquele canto

E Zefinha, com paciência

Sempre falava tanto:

- Aqui tem o que é bom

Tem amor e tem encanto.

Os anos se passaram

Mas a barraca permaneceu

E o povo que ali chegava

Sabia que Seu Zé venceu

A hospitalidade da dupla

A todos sempre acolheu.

A banca do Zé cresceu

E a barraca se expandiu

O povo falava com gosto

Do lugar que se abriu

Mas o segredo de tudo

Era o amor que se construiu.

Em um inverno, frio e seco

Zefinha não parou

Com a ajuda de Zé

Todo dia ela renovou

A barraca se tornou um abrigo

Onde a paz se instalou.

Seu José, com paciência

Com a lista sempre anotada

A coisa ficava só boa

Na prancheta arretada

E Zefinha logo dizia:

- Nosso trabalho tem jornada.

No cair da tarde, a barraca

Fechava com chave de ouro

O sorriso de Zé brilhava,

O de Zefinha era o estouro

Porque sabia que seu esforço

Era o que gerava todo o tesouro.

A fama chegou distante

Até nas terras do sertão

E o povo já sabia

Que ali havia mão

Mão de Zé e Zefinha

Que tocava o coração.

Dizia o povo em verso

E de um modo engraçado

Que na barraca de Zé

O céu estava encarnado

Lá o futuro era claro

E o trabalho, resguardado.

Zefinha, com seu olhar

Guardava o segredo do sucesso

Sabia que a união

Era o mais valioso excesso

E que cada sorriso dado

Era um gesto de progresso.

Nos dias chuvosos, frios

E até os mais calorosos

A barraca resistia

Com os dois sempre amorosos

Cuidando de cada cliente

Com gestos tão preciosos.

O tempo voava rápido

Mas o casal era forte

O trabalho que davam

Era sempre um bom suporte

E Zefinha dizia sempre:

- Aqui, tudo é do nosso porte!

A barraca ficou famosa

E na cidade se espalhou

Dizia-se por aí

Que o segredo se revelou:

- O lugar que mais crescia

Era o lugar onde o bem morou!

O bem daquele casal

Trafegava pelos ares

Zefinha e Seu José

Ficaram bem populares

Por onde eles passavam

Eram levados aos altares.

Termino logo este cordel

Do grande Zé e Zefinha

Um casal que fez da banca

Uma riqueza da prainha

Com amor e felicidade

Vou terminar a historinha.

FIM

João Pessoa-PB, 09 de outubro de 2002.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 02/01/2025
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