O Amor Que Guardei em Silêncio
Eu me lembro, com clareza,
Do instante que me ganhou,
Foi como ver a beleza
Que o mundo inteiro ocultou.
Meu peito cheio sentiu
Que a você ele se entregou.
Mas eu nunca disse nada,
Guardei tudo no meu peito,
Pois sua alma machucada
Só pedia amor e respeito.
E ali, sem mais saída,
Eu me tornei seu alicerce perfeito.
Você vinha em desalento,
Cacos espalhados ao chão,
E eu, com todo o meu tempo,
Segurava sua mão.
Te curava sem pedir
Nada em troca do meu coração.
Depois, você me dizia
Do amor que foi encontrar,
De alguém que traz alegria,
Que te fazia flutuar.
E eu, calada e ferida,
Só sabia te escutar.
Dentro de mim, um desejo,
Tímido, quase escondido,
De ser quem ganha seu beijo,
De ser quem é seu abrigo.
Mas como eu poderia
Destruir o que é tão querido?
São dois anos de silêncio,
De amar e não confessar,
Do peito gritar por dentro
E eu sempre a sufocar.
Porque amar você em segredo
É também te libertar.
Eu me fiz, me refiz tanto,
Tentando o vazio calar,
Mas o eco do seu canto
Teima em sempre me chamar.
O silêncio que ficou
Insiste em me acompanhar.
Mas sigo, mesmo quebrado,
Com amor e com dor também.
Pois te amar foi um legado,
Foi bonito, mesmo sem bem.
E se não posso ser teu porto,
Que você encontre quem tem.
Assim termino este cordel,
Com saudade e gratidão,
Pois amar foi o meu papel,
Mesmo sem tua permissão.
Que a vida te dê estrelas
E que eu cure meu coração.