O Amor Que Guardei em Silêncio

Eu me lembro, com clareza,

Do instante que me ganhou,

Foi como ver a beleza

Que o mundo inteiro ocultou.

Meu peito cheio sentiu

Que a você ele se entregou.

Mas eu nunca disse nada,

Guardei tudo no meu peito,

Pois sua alma machucada

Só pedia amor e respeito.

E ali, sem mais saída,

Eu me tornei seu alicerce perfeito.

Você vinha em desalento,

Cacos espalhados ao chão,

E eu, com todo o meu tempo,

Segurava sua mão.

Te curava sem pedir

Nada em troca do meu coração.

Depois, você me dizia

Do amor que foi encontrar,

De alguém que traz alegria,

Que te fazia flutuar.

E eu, calada e ferida,

Só sabia te escutar.

Dentro de mim, um desejo,

Tímido, quase escondido,

De ser quem ganha seu beijo,

De ser quem é seu abrigo.

Mas como eu poderia

Destruir o que é tão querido?

São dois anos de silêncio,

De amar e não confessar,

Do peito gritar por dentro

E eu sempre a sufocar.

Porque amar você em segredo

É também te libertar.

Eu me fiz, me refiz tanto,

Tentando o vazio calar,

Mas o eco do seu canto

Teima em sempre me chamar.

O silêncio que ficou

Insiste em me acompanhar.

Mas sigo, mesmo quebrado,

Com amor e com dor também.

Pois te amar foi um legado,

Foi bonito, mesmo sem bem.

E se não posso ser teu porto,

Que você encontre quem tem.

Assim termino este cordel,

Com saudade e gratidão,

Pois amar foi o meu papel,

Mesmo sem tua permissão.

Que a vida te dê estrelas

E que eu cure meu coração.

Francisca Lorrayne
Enviado por Francisca Lorrayne em 01/01/2025
Código do texto: T8231651
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