O BOTÃO DO ALFAIATE

O BOTÃO DO ALFAIATE

Havia um alfaiate

Que andava mal trajado

Vestia-se de mulambos

Andava desalinhado

Pelas roupas que vestia

Perdia a freguesia

Ficou desacreditado.

Porque aquele alfaiate

Pra honrar a profissão

Teria que andar bem vestido

Ser do ofício guardião

Mas se cuidado não tinha

Andando fora da linha

Entrava em contradição.

E sem a devida atenção

Com a sua aparência

E o povo então percebendo

Toda aquela negligência

Não lhe fazia encomendas

E com o fracasso das vendas

O homem entrou em falência.

Com a sua profissão

Pelo povo preterida

Aquela situação

Arruinava sua vida

Sem trabalho o costureiro

Não conseguia dinheiro

Nem mesmo para a comida

Um dia, porém, pegou

Algumas peças que tinha

Guardadas em um galpão

Onde ele as mantinha

Os objetos vendeu

E com o dinheiro proveu

Mantimentos pra cozinha.

Após comprar alimentos

Ainda sobrou-lhe um tanto

Que deu pra comprar tecido

Com que fez um belo manto

E o povo, ao vê-lo vestindo

Aquele manto tão lindo

Encheu-se então de espanto.

Os curiosos, ao ver

Ficavam admirados

E começou a chover

Serviços encomendados

E dentro de poucos dias

No mesmo modelo havia

Muitos mantos costurados.

E no bolso do alfaiate

Não lhe faltava dinheiro

Melhorou enormemente

O seu poder financeiro

Aquele manto atraente

Mudou efetivamente

A vida do costureiro

Vestido naquele manto

Ele então permaneceu

E sem tirá-lo pra nada

Por muitos dias viveu

Quando o manto ficou feio

Novo fracasso lhe veio

Nova crise se abateu.

Mas do tecido do manto

Já envelhecido e fraco

Tirou uma parte sadia

Onde não tinha buraco

E foi daquela porção

Que o alfaiate então

Fez elegante casaco.

E com aquele casaco

A história se repetiu

Chamou a atenção de todos

No dia em que ele vestiu

E o sucesso que fez

Foi bem maior dessa vez

Bem maior do que previu.

Encomendas de casacos

Chegavam diariamente

E o alfaiate então

Pôde sorrir novamente

Dinheiro não lhe faltava

E cada vez ele dava

Mais um passo para a frente.

Novamente o alfaiate

Sentindo-se bem vestido

Não tirou mais o casaco

Que ficou envelhecido

E como se deu com o manto

Fracassou do mesmo tanto

O caso foi repetido.

Mas com um pedaço do capote

Em boa situação

O alfaiate encontrou

Uma nova solução

Tirou a porção exata

Pra fazer uma gravata

Foi uma nova invenção.

E assim como aconteceu

Com o casaco e o manto

A gravata também fez

Sucesso do mesmo tanto

Encomendas não faltaram

As quais lhe proporcionaram

Muito dinheiro, portanto.

Porém com o excesso de uso

A gravata se estragou

Foi ficando velha e torta

E o tempo a descorou

Fechou-se outra vez a porta

Porque com a gravata torta

A coisa então piorou.

Novamente um alfaiate

Pelas ruas mal vestido

Pelos olhares maldosos

Não passa despercebido

Servia até de chacota

Homem da gravata torta

Era o seu apelido.

Mais uma vez o alfaiate

Na busca de solução

Tirou daquela gravata

Uma pequena porção

Foi aí que dessa vez

Com o pedaço ele fez

Um atraente botão.

E foi com aquele botão

Que ele achou a saída

Ali veio a solução

Situação resolvida

É o povo procurando

E ele confeccionando

Com o botão ganha a vida.

Encomendas nunca faltam

É o botão mais procurado

O negócio tem trazido

Excelente resultado

Se a gravata falhou

O botão foi quem salvou

Seu botão foi aprovado.

E assim o alfaiate

Que tudo um dia costurou

Por causa das circunstâncias

Sua produção mudou

Pra salvar a situação

Em fazedor de botão

O homem se transformou.

Com as encomendas ele vive

Sempre cheio de dinheiro

Já não sabe o que é crise

É fartura o tempo inteiro

As vendas sempre crescendo

E todo mundo querendo

O botão do costureiro.

Por Noedson Valois

Adaptado do conto O Alfaiate Desatento, de autor desconhecido.

Noedson Valois (Nonói)
Enviado por Noedson Valois (Nonói) em 30/12/2024
Reeditado em 30/12/2024
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