Que o sertão se renovou!

 

Eu nasci pra ser poeta,

tenho amor no coração,

tenho muita inspiração

animada ou discreta,

tenho fé em um profeta

que nunca nos enganou

o nordeste se alegrou,

com a chuva se armando

lá do céu anunciando 

que o sertão se renovou. 

 

Vinha olhando na janela

toda essa vegetação,

nas caatingas do sertão 

toda seca e amarela,

o cavalo na cancela 

pouco antes se lembrou,

como ali tudo brotou 

numa antiga trovoada,

mostrando toda animada 

que o sertão se renovou.

 

Numa casa sertaneja,

num olhar desesperado 

no agricultor animado

que venceu sua peleja,

vai correndo pra igreja

onde alguém lhe ajudou,

diz ao padre que passou

todo o seu sofrimento 

e nesse feliz momento 

que o sertão se renovou.

 

Bem na frente da capela

tinha criança correndo,

tinha adulto já bebendo 

quentão feito com canela,

brincando feito gazela 

no chão quente que molhou,

e a chuva que se armou

caiu junto com o trovão,

dizendo à população 

que o sertão se renovou.

 

Quando chego da cidade

senti o vento cortando,

e o clarão anunciando

a primeira tempestade 

essa vinha na verdade

gritando que começou,

o que o povo clamou 

pra aumentar a agricultura,

e vai ter muita fartura 

que o sertão se renovou.

 

A chuva vinha ligeira,

deixando rastro no chão,

no céu ficava o clarão 

no telhado a cumeeira,

no fogão tinha a braseira

com a chama que pegou,

foi papai que atiçou 

para assar carne de gado,

dizendo muito animado 

que o sertão se renovou.

 

Quando o dia amanheceu 

a chuva encheu o riacho,

meu avô que é velho macho

brindou o que aconteceu,

na cara o pranto desceu

quando se emocionou, 

já que um dia se lembrou 

do sertão esturricado,

mas esqueça o passado 

que o sertão se renovou.

 

O galo cantou formoso

no passar dessa neblina,

molhada estava a campina 

em um verde tão viçoso 

meu pai estava ansioso,

pra plantar o que comprou,

com a enxada demarcou 

onde vai ter plantação 

e gritava com emoção 

que o sertão se renovou.

 

O dia então escurece 

com a lua apontando,

lá do céu vinha mostrando

o resultado da prece,

que ligeiro adormece 

a mulher que lá chorou,

porque Jesus lhe mostrou

que a reza tem poder

e todos podiam ver

que o sertão se renovou.

 

Se deita do travesseiro 

para tirar seu cochilo,

na varanda canta o grilo,

vendo o gado no terreiro,

passa orando um vaqueiro 

que a Deus questionou,

se ele os abandonou,

porém já foi respondido 

vendo agora agradecido

que o sertão se renovou.

 

E outra vez se inicia 

mais um dia ensolarado,

que pra fazer verso rimado

num coral da poesia,

de impulso me servía

e tal passo me ajudou,

porque aqui eu estou

feliz por toda a semana,

e você não se engana

que o sertão se renovou.

 

E você não se afete

se encha de alegria,

a mesma monotonia 

pouco a pouco se repete,

da bondade sou tiete,

cheio meu peito ficou.

Esse cordel terminou

porque Deus veio falar,

trouxe a chuva pra lembrar

que o sertão se renovou!

 

União dos Palmares - AL

15.12.2024 

João Pedro Vitorino
Enviado por João Pedro Vitorino em 16/12/2024
Código do texto: T8220776
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