FOTOS DO SERTÃO
Escuta moço essa bela narrativa
de quem viveu as aventuras no passado
Das coisas boas que a vida oferece
Eu tive a sorte de ser presenteado
Eu e meus primos em contato a natureza
E nos riachos com águas de rara beleza
Todos os dias nosso banho era sagrado
Tinha dos pais o apoio necessário
Para passar alguns dias no sertão
Só dependia das notas da escola
Onde a mamãe me ajudava na lição
O meu pai homem de extrema bondade
Dizia filho essa é a melhor idade
Aproveite vá com deus no coração
De bicicleta eu pra lá me deslocava
Onde visitava o meu tio e minha tia
Com o berrante meu tio reunia o gado
Tirava o leite ali mesmo na cochilha
Até esquecia que existia a tal cidade
Não tinha mais nem um pingo de saudade
Só tinha mesmo era saudades da família
Selava os pingos e colocava na carroça
De madrugada depois do galo cantar
Então seguíamos direto para a roça
Nem esperávamos o dia clarear
E a família reunida em mutirão
Capinava cantando com animação
Porque agora era tempo de plantar
Os meus primos eram muito especiais
Tudo faziam pra sempre me agradar
Estavam sempre por perto preocupados
Era com eles que eu gostava de estar
A Prachedes o Lindolfo e a Ana
E o Nuna ia assando umas banana
A maroca acabava de chegar
Trazia um bule cheio de café com leite
Com pão de aipim e manteiga bem fresquinha
Com chímia feito de ovos la do sítio
Onde tinha uma centena de galinhas
Em seguida retornava ao trabalho
O sol já havia derretido o orvalho
Com a enxada eu tirava ervas daninha
Meio dia era servido o almoço
Galo caipira e carne seca no feijão
Arroz colhido ali mesmo no arrozal
Seco no sol e batido no pilão
Refrigerante a saudável limonada
sobremesa eram frutas misturadas
Bananas mangas com fatias de melão
E a tardinha quando vínhamos da roça
Eu e o nuna saíamos direto pescar
A nossa isca eram minhocas puladeiras
Feliz da vida me colocava a remar
Quando voltava já estava escurecendo
Os espinheis nós íamos recolhendo
Com a pescaria eu enchia o samburá
E a noite na capelinha la da ponte
De joelhos a gente fazia a oração
De la saíamos pertinho da meia noite
Os cachorros esperavam no portão
E felizes eles latiam de alegria
E acordados o meu tio e minha tia
Nos aguardavam sentadinhos no fogão
Hoje daquilo só restou minha saudade
Veio o progresso com sua devastação
E onde era a o sítio do meu tio
Virou fazenda já não tem mais plantação
Aqui na cidade eu sinto infelicidade
E quando já não aguento a ansiedade
Mato a saudade vendo as fotos do sertão