Não se apertei.

SE MINHAS COISAS TE PARECEM ANORMAL,

NÃO SE APERREIE É POR QUE SOU NORDESTINO.

Se eu trocar tua lasanha por paçoca

Se eu trocar o caviar por toicim

Se eu trocar granola por gergelim

Se eu tomar garapa em lugar de coca

Se eu preferir o jumento à motoca

Em vez do nome chamar meu filho menino.

Perdoe-me, pois eu não consigo ser fino.

Acostumado a comer um pouco mal

Se minhas coisas lhe parecem anormal

Não se aperreie. E por que sou nordestino.

Se eu trocar o bife por bode assado,

Peito empanado por ovo de ave caipira.

Ou se trocar corda nylon por embira

Usar gibão em vez do terno engomado.

Se em vez de serra eu preferir o machado

Pra cortar o osso que dar sustança e mais tino.

Se eu dispensar maisena, amido fino,

E usar milho para fazer o meu mingau

Se minhas coisas lhe parecem anormal,

Não se aperreie é por que sou nordestino.

Se eu trocar teu kibe por rubacão,

trocar a esposa minha veia

Não imagine que sou fraco da ideia.

Se pra admirado pronunciar babão.

Se eu trocar o seu roque por baião,

O avião por um transporte equino.

Se eu falar: em vez de azar desatino,

Ou se trocar cínico por cara de pau

Se as minhas coisas lhe parece anormal

Não se aperreia é por que sou nordestino.

Se eu trocar tua sopa por buchada,

Se eu trocar garotos por buchudinhos

Se eu falar a pequenos miudinhos

Se em vês de sorte eu pronunciar cagada.

Se indigestão eu disser barriga inchada,

Isso é conversa do povo entrano e saino

Chegano cedo, deceno e se vai subino.

Samba de roda em lugar de carnaval.

Se as minhas coias lhe parece anormal,

Não se aperreia, é por que sou nordestino.

Valdir Prudêncio.

Valdir Prudêncio dos Santos
Enviado por Valdir Prudêncio dos Santos em 27/11/2024
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