Propinocultura da corrupção

O que tenho pra contar

Do mundo cheio de nó

Daria para escrever

Um livro muito maior

Basta dizer que em São Paulo

Na Via Dutra passei

Mesmo vazio o furgão

Uma multa eu paguei.

Não sei em que pequei

Não tendo nada no caminhão.

De onde o excesso veio

Senão da corrupção.

Abri as portas do carro

Olhe aqui meu cidadão

É um furgão vazio

Sem nenhuma ocupação.

Eu pago a multa agora,

Mas libere o caminhão.

Eu sei o dia e a hora

E sei o ano também

Foi em oitenta e oito

Que não está muito além

Eu preferi ser multado.

Mas não lhe dei um vintém.

Mas se não isso bastasse

Em 2006 fui intimado

A um imposto pagar

Em duplicidade lançado

Em meu nome registrado

Do dvedor não pude cobrar

Porque ele tinha pago.

Eu disse: este imposto foi pago

Para o imóvel transfeir

Há quanto tempo o vendi

E já não sou devedor

Esse imposto a mim lançado

Por certo em duplicidade

O comprador já pagou.

Está em duplicidade

Acredite, meu senhor!

O imóvel já foi meu

Mas não sou mais devedor

Pois há muito tempo o vendi

E passei a escritura

Dê baixa, ó criatura

Porque o comprador pagou

Eu sei, disse ele,

Mas aqui não foi baixado

O código está em seu nome

Embora em duplicidade

Ou você paga agora

Ou fica com o nome manchado.

Assim eu olho pro mundo

Piso o pé até o fundo

Me escondendo pra não ver

Mas quando vejo não calo...

Não dê diploma a cavalo

Pois ele não sabe ler.

LIMA,Adalberto Antônio de.SILVA,Francisco de Assis Lima Diassis.No Brasil nosso de cada dia, nem todos têm sua fatia.