SOU POETA POPULAR
Nordestino, crescente e poeta
cantador de viola sertaneja,
o que reza a novena na igreja,
conta causo comum de um profeta
escrevendo na linha quase reta,
desafio o poder da emoção,
despertando o riso e a paixão
no romance de quadra arrastado,
ou fazendo martelo agalopado
numa cena real do meu sertão.
Conto causo da velha curandeira,
do pastor de ovelha no cercado,
do rapaz que virou bicho calado
ou da banca que compro lá na feira.
Vou gravar minha vida na madeira
ou na ripa do novo assoalho,
vou fazer um cordel do Zé Ramalho
provocando o humor da geração,
posso inté provocar o Lampião
no ataque de trinta em Paudalho.
Sendo Cristo perfeito e artista
que entalhou no portão do paraíso,
que escolheu no final nosso juízo,
que me fez um poeta cordelista,
me ajude fazendo uma lista
importante porém bem resumida
para que ela inté possa ser lida
na passagem mortal de minha fé,
quero ver Patativa do Assaré
me ensinando a rima preferida.
União dos Palmares - Alagoas
20/11/2024