Vergonhas estaduais

Tenho vergonha seu moço

Mas eu vou aqui te contar

Alagoas é um Estado

De uma riqueza sem par

Mas concentra produção

Nas mãos só de uma porção

Que só quer acumular.

Como pode um Estado

Com terras férteis e boas

Com rios, e bastante água

Em seus açudes, lagoas

Com uma boa bacia leiteira

Seu povo sem eira e beira

Sem ter peixes nem canoas.

Do Sertão para o Agreste

Famílias vivem a migrar

Sempre em tempo de seca

Tendem a se deslocar

Ou esperam caridade

De gente de boa vontade

Que venha lhe ajudar.

O lugar mais escolhido

Pelos vindos do Sertão

São ruas de Arapiraca

Com gente pedindo pão

Miséria reproduzida

Gente pobre reduzida

A viver pior que cão.

Sabemos, não é possível

Mudar a situação

Uma das funções do Estado

É conformar o Sertão

Fazendo com que sua gente

Se conforme e lamente

Pouca chuva no verão.

Tenho vergonha das máscaras

Usadas pelo turismo

Quem chega na Capital

Vive ilusionismo

De cidade sem favelas

Sem grotas e sem mazelas

Portanto, sem pauperismo.

Estado querido – Sexto cordel da terceira Lua, publicado como parte do desafio “4 LUAS DE CORDEL”(Link: https://taplink.cc/4luas)