Quando há chuva no sertão
O semiárido brasileiro
Pela seca é castigado
Nosso solo estorricado
Passa quase o ano inteiro
Mas quando chega janeiro
Quando se ouve o trovão
O sertanejo com emoção
Um "glória a Deus" logo grita
A natureza se agita
Quando há chuva no sertão
Aquela mata cinzenta
Que parecia sem vida
Só estava adormecida
E pela chuva sedenta
Logo muda a vestimenta
Quando a água molha o chão
N'uma breve formatação
Nova paisagem se edita
A natureza se agita
Quando há chuva no sertão
Os riachos com as enxurradas
Transbordam as suas margens
Fazendo encher as barragens
As planícies ficam inundadas
As garças ficam animadas
Porque chegou provisão
Os sapos com perfeição
Fazem uma orquestra bonita
A natureza se agita
Quando há chuva no sertão
As espécies se intercalam
Para manter a sinfonia
Em ritmo de alegria
A felicidade propalam
Os casais se acasalam
Por lei da procriação
Não pensam em prevenção
Porque ninguém se hesita
A natureza se agita
Quando há chuva no sertão
A babuja com seu vigor
Forma um tapete no solo
Seguindo o protocolo
Por ordem do Criador
Faz da manhã um frescor
Exalando sua perfeição
Herbívoros em competição
Conforme ao que necessita
A natureza se agita
Quando há chuva no sertão
O tatu sai do buraco
O pássaro faz o seu ninho
A formiga faz seu caminho
João-de-barro faz seu barraco
A cobra troca o casaco
O gavião faz predação
A planta faz floração
A tanajura se excita
A natureza se agita
Quando há chuva no sertão
O tziu malabarista
Faz seu show com maestria
Encanta a quem presencia
É um verdadeiro artista
O peru com sua crista
Também faz sua exibição
O sabiá com a entonação
De sua linguagem erudita
A natureza se agita
Quando há chuva no sertão
Por ser a chuva escassa
Aqui em nosso bioma
Quem vive aqui tem diploma
De quem é forte e não fracassa
O que a flora e a fauna passa
Pela aridez do nosso chão
A chuva é a salvação
De quem na vida acredita
A natureza se agita
Quando há chuva no sertão.