UM CABO, DOIS SOLDADOS E UMA DÚZIA DE FOGUETÃO
Um cabo, dois soldados e uma dúzia de foguetão
Miguezim de Princesa
I
Tiu França sentia tédio,
Residindo em Rio do Sul:
Uma vidinha sem graça
De polenta e sobrecu,
Até que entrou no grupo
Do Zap de Zé Mandu.
II
No grupo, havia de tudo:
De receita de moela
A jogo de futebol,
Jogo de bicho e novela,
E até que o Brasil
Ia virar Venezuela.
III
Que quem tinha casa própria
Dividiria com o coitado
Que não tem onde morar,
E o velho aposentado
Ficaria sem pensão,
Passando fome e largado.
IV
Haveria guerra civil,
Comentou Dona Raimunda,
E o Dr. Chico Rola
A chamou de moribunda,
Dizendo que o brasileiro
Só solta tiro com a bunda.
V
Que a eleição foi roubada
E Bolsonaro ganhou,
Seus filhos só foram eleitos
Porque o Moraes deixou
Para engabelar o povo,
Que Gilmar Mendes falou.
VI
Tiu França acreditava
Que Lula seria deposto
Por um golpe militar
Em janeiro com o sol posto,
Mas isso não aconteceu
E sobreveio o desgosto.
VII
Ele ficou martelando:
- Esse cabeça de ovo
Só há jeito se for morto
Por tudo que fez com o povo
E assumir o poder
O capitão que tem volvo.
VIII
Tiu França veio a Brasília,
Em Ceilandia foi morar
No barraco de Zulmira
Que conseguiu alugar,
E saiu comprando bomba
Em tudo que foi bazar.
IX
Fez uma visita ao Supremo,
Tirou uma foto em plenário:
- Raposa no galinheiro,
Eita povo salafrário,
Logo, logo eu vou mostrar
Quem faz papel de otário.
X
Dia 13 de novembro,
Foi fazer o atentado:
Juntou as bombas que tinha,
Deixou o carro parado,
Ligou o dispositivo,
Houve um pipoco danado.
XI
Bem na frente do Supremo,
Duas bombas ele explodiu.
Quando viu os seguranças
No momento ele sentiu
Que tudo estava perdido,
Deitou-se e se implodiu.
XII
Aqui termina a história
De um homem sem razão
Que quis sozinho derrubar
Os poderes da Nação,
Com um cabo, dois soldados
E uma dúzia de foguetão.