ZÉ E O BODE

Zé comprou um bode

Tinha a cara enfesada

Só andava sozinho

Subia e descia estrada

Não parava de berrar

Em plena madrugada.

Zé ficou revoltado

Não era por ambição

Nem tão pouco inveja

Daquela região

Comprar o reprodutor

Era a melhor solução.

O bode era esquisito

Quem por alí passava

Ficava amedrontado

O bicho logo enfrentava

As cabras do rebanho

Ele não se aproximava.

Foi falar com o vendedor

A você eu tenho apreço

Mas o bode é estranho

Mas isso eu não mereço

Cumpade não ignore

O bode lhe ofereço.

Não entedo o amigo

Esse é um bode de raça

Com certeza não gostou

Fica fazendo pirraça

Aqui ele andava livre

Passeando pela praça.

Lá ele tem de tudo

Anda livre na natureza

Come e bebe a vontade

Toma banho na correnteza

Nada mais lhe falta

Ele vive na maior riqueza.

Esse bode é muito manhoso

Gosta da liberdade

Mesmo com pouca comida

Vivendo com simplicidade

Prefere andar solto

Andando pela cidade.

Zé Matutou deixou o bode

Com sua cara amarrada

Do compadre se despediu

Seguiu triste pela estrada

Comprarei outro bode

Que seja bem camarada.

Seguiu fazendo planos

A noite se foi, o dia raiava

Quando chegou em casa

A mulher o esperava

Ele não estava bem

A expressão era de raiva

Me livre do bode maldito

Estou muito cansado

O compadre não gostou

Ficou foi revoltado

Perdi o que paguei

Mas estou aliviado.

Outro bode o Zé comprou

Parecia bem mansinho

Seguiu logo as cabras

Pelas veredas do caminho

A tardezinha voltavam

Tinha jeito de lerdinho.

Não sei o que acontece

Preciso urgente de solução

Eencontrar um reprodutor

Com melhor disposição

Ou tenho que acabar

Com toda minha criação.

Um é todo lerdado

O outro parecia o diabo

Com seu jeito esquisito

Aquela cara de brabo

O bicho era tão feio

Até lhe faltava o rabo.

Irá Rodrigues.

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