Coisas que me deixam triste
Saber que nossa espécie
Evoluiu sem medida
Necessidade humana
Já pode ser atendida
Mas o que reina é fome
A gente sabe o nome
Do culpado, homicida.
Não aguento ver crianças
Vivendo a esmolar
Carradas de alimentos
Todo dia a estragar
Em varejos e atacados
Gente morrendo ao lado
Sem nada poder comprar.
Ver um jovem ocupando
O lugar de animal
E puxando uma carroça
Perder a feição normal
Do que se pensa humano
E nesse mundo insano
Tornar a vida banal.
Eu choro quando percebo
Tamanho da impotência
Ver uma pessoa já idosa
Vítima da indecência
De nossa sociedade
Que sem dó nem piedade
Priva-lhe de assistência.
Como eu não viver triste?
Com a miséria do irmão
No sinal ou na esquina
Vivem a estender mão
Sem saber que a riqueza
É concentrada na mesa
De toda exploração.
Para suportar o mundo
De injustiça social
Procuro compreender
Mais a vida comunal
Não se trata de retórica
É nossa raiz histórica
Outra vida social.
Eu escrevo cordel – Quinto cordel publicado como parte do desafio “4 LUAS DE CORDEL”(Link: https://taplink.cc/4luas)