Eu sou só, o que eu não sou.
Eu sou muito ignorante
O Sócrates também era
Porém eu não sou um cínico
O Antístenes temia a fera
Que habitava no seu ser
E tentou nos convencer
Que a virtude sempre impera.
Eu não sou um virtuoso
Um defensor da moral
Essa moralzinha hipócrita
Que a fé encobre com cal
Eu defendo a liberdade
Também sei que a tal "verdade"
É só mentira ancestral.
Eu não tenho educação
Há muito eu abandonei
Essa na qual o patrão
Determina o que serei
Eu conjugo o esperançar
Paulo Freire vou chamar
Contra os desmandos do rei.
Eu sou muito intransigente
Contra todo preconceito
Xenofobia e racismo
Alguns "ismos" eu rejeito
Sou Nordestino orgulhoso
Também Baiano amoroso
E todo mundo eu respeito.
Não gosto dos grandes centros
De aranha céu e barulho
Da tal gentrificação
Que faz de pobre um entulho
É ferida social
Tem em toda capital
Esse câncer desembrulho.
Li Diógenes um Cínico
Que imperador enfrentou
Um tal Alexandre o Grande
Que todo o sol lhe roubou:
- "Como posso o compensar..."
- "Basta seguir e passar ..."
Diógenes assim falou.
Eu sou tudo e não sou nada
Em Raul eu acredito
A minha metamorfose
Às vezes causa conflito
Heráclito me norteia
Mudança é como uma teia
Por isso mudo e me agito.
O Hermes sempre me inspirou
Com sua dualidade
Encima também embaixo
Compõem mesma realidade
Em sigo cem direções
Eu miro o sol e as razões
Rejeito falsa verdade.
Unanimidade burra
Eu prefiro a rejeitar
Eu sei que a sinceridade
Por vezes vai magoar
Se lhe ofendi me perdoa
Nós vamos lá na Gamboa
Ver o Sol beijar o mar.
Obs : Poesia de 30/01/24 revisada em 02/11/24.
Foto da baia de todos os santos, ao fundo a Gamboa de Baixo, polo de resistência e cultura. O melhor pôr do sol de Salvador.
Salvador - 02/11/24