DE PAPO COM A DONA MORTE
A vida sim, é pesada,
Porém não vou reclamar
Se eu vim parar aqui
Não foi só para passar
Vivo o modo mais bonito
Cada dia um capítulo escrito
Para o meu legado deixar.
Sou cisco no universo
Estou no meio do nada
De onde vim pra onde vou
Ninguém decifra a xarada
O que me resta é sorrir
Até quando sucumbir
No mistério dessa estrada.
De onde vim eu não sei
E nem onde vou parar
Nenhum sábio tem clareza
Só me resta é esperar
Mesmo os que pregam certeza
Em momentos de fraqueza
Tendem a desconfiar.
Por isso que não me prendo
Em inferno ou paraíso
Vou tocando a minha vida
Tentando usar o juízo
O mistério vou descobrir
No dia que a morte vir
Com o seu golpe preciso.
Porque a única certeza
Que temos mesmo é da morte
Com sua foice amolada
Não existe ninguém forte
Seja amostradinho ou não
Com ela não tem perdão
Pra isso ninguém tem sorte.
Dona morte eu lhe aguardo,
Mas por favor, se demora!
Que meus dias sejam compridos
Esqueça-me ao menos por hora
Sou da vida apaixonado
Respeite esse meu lado
Como eu respeito a senhora.
JOEL MARINHO