Pastor Pedânio e a Igreja "Jesus Salva e a Cannabis Cura"

O diabo quando não vem

Manda sua assessoria.

Igreja de picareta,

Abre uma, todo dia.

Até igreja da nóia

Já existe, eu não sabia!

Na América do Norte,

Em Denver, no Colorado,

Tem a primeira igreja

De crente emaconhado.

Eles usam a maconha

Para ritual sagrado.

Segundo seus fundadores,

Lá não tem livro sagrado.

Cada um faz a “viagem”,

Para o “céu” sendo alçado,

Vivendo a contemplação

E seu significado.

O líder da nova seita,

Um tal de pastor Molloy,

Disse que no santuário

A mariguana constrói

Um ambiente fraterno

Onde a barata não rói.

Barata da hipocrisia

Acostumada a julgar

A todos, conforme diz

Seu simulado pensar,

Esse inseto fariseu

Não é encontrado lá.

Os membros dessa igreja,

No consumo ritual

Da chamada “erva santa”

De energia universal

Dizem que elevam as mentes

Para um alto plano astral.

A flor da cannabis é

Uma força criadora

Para esses seguidores,

Sem regra ou lei censora,

Abrindo feliz caminho

Para uma vida vindoura.

No Brasil, falso profeta

É planta ruim que não falta,

Aplicando muitos golpes,

Essa moda está em alta.

Um fiel abestalhado,

O pastor vem e assalta.

Esse grupo criminoso

Toma conta da nação,

Enganando a crentaiada,

Comerciando ilusão,

O país está repleto

De igreja de ladrão.

Negociam até a cruz

Nesse farsante ambiente,

Vendem por uma fortuna,

Enganando o tolo crente.

Negociam e não entregam,

Para vender novamente.

Na cidade João Pessoa,

Na Paraíba do Norte,

Um tal de Pastor Pedânio,

Foi buscar a sua sorte

No golpe do misticismo,

Escolhendo o recorte

Do mundo da marijuana

Que também chamam diamba.

Ele pensou: “fé e fumo,

Essa pegada dá samba!”

Só precisa ser fingido,

E nesse campo ele é bamba!

Pastor Pedânio abriu

A igreja do seu jeito:

Enfumaçada e “ligada”

Dentro do novo conceito,

Pois o homem tinha fé

Na lei da causa e efeito.

Começou a pregação

Pressagiando saúde,

Dinheiro e casa própria

Para aquela plebe rude.

Um crime bem sucedido

É chamado de virtude.

Mas a concorrência é grande

Nesse universo safado

De empresário pastor,

Mantendo o povo enganado.

Teria que haver um modo

Pra ser diversificado.

Ele, como usuário

Daquele mato prensado,

Teve ideia engenhosa

Para atrair o seu gado:

“Vou abrir uma igreja

De crente emaconhado”.

“Se Jesus é o caminho,

A liamba é o canal”,

Pregava Pastor Pedânio,

Achando tudo normal

Para evangélico novo,

Chincheiro pentecostal.

“A maconha nunca mata”,

Pregava o pastor falante.

“O que mata é o panaca

Manter calote constante,

Fugir da obrigação

Sem pagar o traficante”.

“Maconha é agro top,

Bote sua fé na seda”

Evangeliza Pedânio.

“E quem sempre assim proceda

Tem vaga no Paraíso

Em esfumada vereda”.

“Isso de fumar maconha

É uma coisa comum.

Santifique sua vida

Sem fazer nenhum jejum.

Esqueça sua desdita,

Vamos todos F1”

Assim pregava Pedânio

Quando a polícia chegou,

Baixou o pau na mundiça,

O obreiro se borrou,

Na sessão de descarrego

Até o diabo brochou.

Missionário Ameba

Tava dormindo acordado,

Despertou com o bafejo

De um imenso soldado

Apagando em sua cara

Seu ungido baseado.

A Madame Preciosa,

Que de bispa era chamada,

Também pegou um BO,

No camburão rebocada.

Falou na delegacia

Que era mulher recatada.

Declarou: seu delegado,

Eu sou quase uma freira!

Sou recatada e do lar,

E jamais eu dou bandeira.

Sou uma missionária,

Pregadora e maconheira.

O delegado explicou

Que o material dopante

Pesava quase dois quilos

Apreendido em flagrante.

“Você não é usuária,

E sim uma traficante”.

Apesar da quantidade

De maconha apreendida,

Liberaram em pouco tempo

A mundiça envolvida,

Depois de um baculejo

E logo após ser ouvida.

Pastor Pedânio adotou,

Para evitar novos dramas,

Cada fiel vai portar

Apenas 40 gramas

Da erva santa ungida

Conforme as novas proclamas.

Pedânio continuou

Com o seu sermão moleque.

Em nome do pix amém,

Também aceitando cheque,

O irmão tendo direito

Ao seu consagrado beque.

Como se vê, o Brasil

Tudo pode avacalhar.

A igreja americana

Virou piada de bar,

Com o tal pastor Pedânio

E seu espúrio altar.

Religião desse tipo

Eu combato e abjuro,

Sendo que eu acredito

Que, em um breve futuro,

Quando a fé for transcendente

E o homem mais maduro,

Acaba o Deus pessoal,

Cada um será seu guia,

Evitando as doutrinas,

A mentalidade amplia,

Esqueceremos preceitos

Junto com teologia.

Quanto ao Pastor Pedânio,

Será sempre um farsante,

Um bufão e embusteiro

Enganando o ignorante,

Cultivando a cannabis

Ou qualquer flor que ele plante.

Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 25/10/2024
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