EScrito POr D. Mário Martinez {com liguajar de cordelista, Gracias}
Pelo Prof: Dr; D. José Mario Martinez Perez
UNICAMP
( EL Abogado del Diablo)
Romance do meu encontro
Com Mestre Egídio (Dezembro 2001)
Os olhos de Mestre Egídio
São azuis, como o caderno,
Azul que leva na pasta
No qual escreve seus versos.
Quatro cadernos traziam:
Aquele azul, o vermelho,
Também o branco, da paz,
E outro caderno amarelo.
Os quatro de capa dura,
De capa dura seus versos.
As barbas de Mestre Egídio
Não são as barbas dum velho,
São as barbas de quem vive
Diversas vidas num tempo.
Vida de ourives poeta,
E dos sonhos garimpeiro,
Vida de quem faz espadas
De samurai, e guerreiro,
De combatente de amor
E cantador de mistérios.
Tanta vida vive o Mestre
E de modo tão intenso
Que nem todas as palavras
Podem dar conta do reto.
Por isso é que precisava
Contar causos com silêncios
Enquanto muitas palavras
- nomes, pronomes e verbos -.
Atropelam-se no papo
Para ver quem sai primeiro.
Suas histórias não se escrevem,
Esparramam-se pelo vento,
São sementes que o acaso
Deposita em seus cadernos.
Ai, Maria Aparecida!
Mulher de gloriosos feitos,
Não raspavas teus bigodes
Pois sabia que eram belos
Para certa Lamparina,
Teu marido cangaceiro!
Seu amigo é Zé Limeira,
Mesmo morto, aquele negro.
Que hoje anda cantando capelas
Indo dos céus pros infernos.
Quando canta seus absurdos
Assim se queixa São Pedro:
“Limeira vê se te manca”,
tu não conhece Ionesco?"
Limeira, sem saber nada,
faz um cordel pro romeno.
Fala-me de Daniel Fiúza,
Poeta paulista e honesto
E do Guido Carlos Piva
E também dos desafetos.
Quem brigar com Mestre Egídio
Afie as facas, que é sério.
E esteja pronto pro abraço
Pois na paz vai ser sincero.
"Esta é Ana, minha musa”.
Minha mulher lhe apresenta,
E ele me fala da sua:
““... por quem sinto amor imenso;
Ela me deu cinco filhos
Do total de dez que tenho
E também, por extensão,
As duas dúzias de netos.
Veja a foto, não envelhece!
Veja amigos, seus cabelos!”“
E, assim, passamos à tarde.
Como dois amigos velhos
Que não se importa que passe
Entre os encontros, o tempo.
Falamos também de Lopes
de Vega e de Martín Ferro,
e, na estação rodoviária.
"Até Belém", prometemos.
Foi em Campinas, São Paulo,
um 26 de dezembro.