A BOTIJA DO PICO DO CABUGI

O Pico do Cabugi

É um vulcão adormecido

Que guarda muitos segredos

Pra além do desconhecido

Dizem que no mês de agosto

Qualquer um pode avistar

Uma mulher subir o Pico

Procurando um lugar

Pra esconder uma botija

Que contém grande tesouro

Um pote feito de barro

Com cem moedas de ouro

Contam que essa mulher

Que veio lá do estrangeiro

É uma alma encantada

Que está presa ao seu dinheiro

Não podendo descansar

Até que seja encontrado

O tesouro escondido

Por ela mesma enterrado

E há mais de trezentos anos

Se repete a mesma cena

A mulher é obrigada

A cumprir a sua pena

Quando é noite escura e feia

Acontece o ritual

À meia-noite em ponto

Sempre no mesmo local

Montada em um bode preto

Do tamanho de um touro

Aparece a tal mulher

Trazendo o pote com ouro

O bode chega berrando

Aos pés do grande vulcão

Tem olhos da cor de brasa

Que emitem grande clarão

Usa sela e tem arreios

E um chifre descomunal

Barbicha da cor de cobre

Sua cabeça é oval

O bicho tem quatro orelhas

E na boca um grande dente

Tem uma marca na sua testa

Na forma de uma serpente

Após enterrar o pote

A moça desce depressa

Monta no seu bode preto

E a viagem recomeça

Vai aparecer pra alguém

Como um sonho ou visagem

Na esperança de encontrar

Alguém que tenha coragem

Pra dizer ao escolhido

O caminho do tesouro

E mostrar onde enterrou

A botija com o ouro

E se coisas derem certo

O encanto será quebrado

E a tal da alma penada

Terá seu preço pagado

Pois se livrará do fardo

Assim que alguém encontrar

A botija enterrada

E arrancá-la do lugar

A mulher será liberta

Da terrível maldição

E deixará estas terras

E seu colossal vulcão

Porém pra arrancar botija

E pra que tudo corra bem

É preciso ter o cuidado

De não contar pra ninguém

Não pode falar do sonho

Ou mesmo da aparição

Pois se alguém ficar sabendo

Isso atrai assombração

Se a regra for descumprida

A botija desaparece

E o local indicado

Logo o sujeito esquece

Tem que guardar o segredo

E agir sempre sozinho

Levar pá e picareta

E seguir o seu caminho

E durante o percurso

É preciso ir rezando

Fazendo o sinal da cruz

E dos sinais se lembrando

E no local indicado

Cravar uma cruz de ferro

Esperar dar meia-noite

E ouvir do bode, um berro

Quando chega a hora marcada

É preciso se apressar

Pra arrancar a tal botija

Antes do galo cantar

Porém se for arrancada

Por sujeito interesseiro

O ouro muda de forma

E vira um grande vespeiro

E quando se põe a mão

Pensando encontrar o ouro

São milhões de ferroadas

Que o “cabra” leva no couro

Laelson Lourenço Silva
Enviado por Laelson Lourenço Silva em 18/10/2024
Código do texto: T8176373
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